A Arezzo&Co está propondo uma fusão com o Grupo Soma, criando a maior plataforma de marcas de moda do Brasil com sinergias estimadas em R$ 4,5 bilhões, pessoas envolvidas na transação disseram ao Brazil Journal.
A transação está sendo feita a preço de tela, sem atribuição de prêmio para qualquer um dos lados. Pelos termos propostos, os acionistas da Arezzo&Co ficariam com 54% da empresa combinada, e os acionistas do Soma, com 46%, uma média dos papeis nos últimos dias.
O conselho da Soma está analisando a proposta e deve votar amanhã. A ação da Arezzo&Co sobe 12% depois da notícia da existência das conversas, noticiada primeiro pelo Neofeed. O Soma sobe 15%.
A união da empresa fundada por Anderson Birman com a dona das marcas Farm, Animale e Hering criaria uma companhia com faturamento combinado de R$ 12 bilhões, EBITDA de R$ 1,55 bi e um lucro combinado de R$ 750 milhões.
A nova empresa — cujo nome ainda será definido — passaria a ter 34 marcas, quase 22 mil funcionários, 2.057 lojas (sendo 73% franquias), além de estar presente em 21 mil multimarcas espalhadas pelo País.
Nos termos propostos, a transação prevê um acordo de acionistas de 10 anos entre os Birman e os fundadores do Soma. Juntos, os dois lados ficariam com 38% do capital da companhia combinada: a família Birman teria 21,5% da nova companhia, e os controladores do Soma com 16,45%.
Dos 38% totais, 30% estarão sujeitos a um lockup de cinco anos, com os acionistas podendo vender 20% da posição a cada ano depois disto.
Alexandre Birman seria o CEO, com um mandato de 10 anos. Roberto Jatahy, o atual CEO do Soma, continuaria liderando as marcas da empresa como parte da nova unidade de negócio.
Como parte do novo desenho, a Hering sairia debaixo do Grupo Soma e passaria a ser uma unidade de negócios diretamente vinculada à holding. AR&Co, a unidade de negócios da Reserva, continuaria sendo liderada por Rony Meisler.
O conselho da nova empresa teria sete membros, com cada bloco nomeando três, e o chairman eleito de comum acordo.
Entre as múltiplas sinergias proporcionadas pela operação, a maior delas seria a expansão das categorias calçados e acessórios nas marcas do Soma, que as companhias calculam ter um valor presente líquido (VPL) de R$ 1,5 bilhão.
Já a otimização do SG&A, com a eliminação de estruturas redundantes, geraria mais R$ 1,2 bi de sinergias.
Para a companhia, uma melhor gestão do canal de franquias pode trazer mais R$ 700 milhões. Outra frente de ganho: a redução do custo de produto vendido (CPV) da Reserva, com a fabricação de parte de seus produtos nas fábricas da Hering, traria mais R$ 500 milhões.
Por fim, a nova companhia teria oportunidades de cross-selling entre as marcas do grupo que geraram mais R$ 400 milhões em sinergias.
Há ainda um ganho estimado em R$ 100 milhões de aceleração do ágio da Hering.
O Grupo Soma foi criado em 2010 no Rio de Janeiro com a fusão da FARM com a Animale, aliando a originalidade de Kátia Barros e Marcello Bastos ao tino empresarial de Jatahy.
De lá pra cá, a Soma agregou diversas marcas e manteve a chama criativa acesa. A genialidade da Katia e Bastos floresceu com os instrumentos de gestão e o capital agregados pela holding, e hoje a empresa está perto de criar uma marca de moda brasileira com alcance global, a FARM.
“Essa fusão pode ser o pontapé para criar uma potência de marcas que busque uma posição dominante no varejo acessível latino-americano assim como a LVMH fez no luxo na Europa, EUA e Ásia,” diz um acionista minoritário da Soma que apoia a transação. “O mercado está maduro pra esse deal. Os movimentos estratégicos e aprendizados dos últimos anos tornam esta fusão não só possível como muito desejável.”