No mês passado, Iona Szkurnik conheceu uma chinesa que havia fundado e vendido sua startup para a TAL, a gigante de educação listada na Bolsa de Nova York.

12058 a1e346b7 1ec7 ad2b 5c47 c416696971a3Há dois dias, ela se surpreendeu com um Whatsapp de Joy Chen perguntando sobre um tal de ‘Brazil at Silicon Valley’ – e pedindo um ingresso.

“Isso mostra a relevância que o evento tem ganho no ecossistema global de inovação, não só no Brasil,” Iona, uma das fundadoras e board member da conferência e CEO da Education Journey, disse ao Brazil Journal. 

O BSV — que nasceu de forma despretensiosa em 2019 — está se consolidando como um dos principais canais de conexão entre o Brasil e o Vale do Silício, atraindo investidores americanos para o mercado brasileiro e conectando empreendedores daqui com o maior mercado de inovação do mundo.

Neste ano, a expectativa que cerca a conferência é ainda maior.

Será a volta do evento presencial depois de dois anos de pandemia, e em meio a um momento extremamente desafiador para o ecossistema de inovação brasileiro.

Depois de atingir seu pico no terceiro tri do ano passado — junto com o low das taxas de juros — o mercado de venture capital virou nos últimos meses, com queda nos valuations e unicórnios antes celebrados fazendo demissões (em vez de contratar).

“No pico, os negócios estavam saindo igual venda de apartamento, por referencial: o apartamento do lado saiu a X, então vou vender o meu a X também,” disse Florian Bartunek, o CIO da Costellation e conselheiro do evento. “Agora, a grande dúvida no mercado é qual vai ser o novo referencial de valor, principalmente para as empresas que ainda não dão lucro.”

Segundo ele, há três perfis de empresas nesse mercado.

10708 d68f8216 7caa e4e1 938c 80a89d48d169As startups grandes, que estão crescendo e conseguiram se capitalizar bem no “45 do segundo tempo”; as pequenas, que não queimam muito caixa e conseguem sobreviver captando R$ 2-3 milhões; e as grandes que ainda queimam um caixa relevante e não estão capitalizadas.

“Os dois primeiros perfis não devem sofrer tanto, mas as startups que estão no último perfil vão sofrer, e vão ter que captar a valuations com descontos relevantes das últimas rodadas,” disse ele.

Dado esse contexto, um evento como o BSV serve como barômetro.

“Vai ser muito importante para os empreendedores irem para o Vale porque eles estão vivendo a mesma coisa por lá,” disse ele. “Vai ser interessante ver como os investidores e empreendedores americanos estão pensando e lidando com essa situação.”

A edição deste ano acontece em 16 e 17 de maio no Computer History Museum, na Universidade de Stanford. A conferência foi dividida em quatro blocos temáticos: inovação em escala; futuro do clima; inteligência artificial; e futuro dos investimentos.

Os palestrantes incluem nomes como Ron Olson, um diretor da Berkshire Hathaway que vai falar sobre investimentos em tecnologia; Jeff Wilke, o ex-CEO da Amazon WorldWide Consumer, que foi responsável por produtos como o Prime e o marketplace; e Jaron Lanier, um cientista da Microsoft que escreveu o livro “10 argumentos para deletar suas redes sociais” e que aparece na série The Social Dilemma.

O evento também trará figurinhas carimbadas como o investidor Hans Tung, que participou de todas as conferências e se tornou um entusiasta das startups brasileiras, entrando em várias rodadas.