A Unipar disse aos bancos que não vai aumentar sua oferta de R$ 10 bilhões pela fatia da Novonor na Braskem depois que a J&F Investimentos fez uma proposta concorrente com o mesmo valor.
A proposta dos Batista estava sendo ansiosamente aguardada pelos credores da Novonor, que viam nela a possibilidade de promover uma disputa entre as duas ofertas depois que uma terceira – da Apollo Global com a Abu Dhabi National Oil Company – se revelou menos atraente do que o imaginado.
Mas em conversas ao longo do dia, a Unipar sinalizou que não fará uma nova proposta.
No buyside que acompanha a Braskem, chamou a atenção a coincidência entre os valores das ofertas. “Acompanho M&A há anos, mas é a primeira vez que vejo duas ofertas concorrentes com o mesmo preço,” disse um gestor.
Do ponto de vista dos bancos, as ofertas se equivalem: os dois compradores estão oferecendo quitar uma dívida de R$ 15 bi pagando R$ 10 bi.
Mas há diferenças fundamentais – no conteúdo e na mecânica – entre as duas ofertas.
A Unipar – cuja proposta consiste em comprar o controle da Braskem, permitindo que a Novonor quite sua dívida com os bancos – está oferecendo R$ 10 bilhões por 34% da Braskem (R$ 36,50 por ação), e deixa a família Odebrecht com um stake de 4% na companhia avaliado em R$ 1 bilhão.
Já a proposta da J&F consiste em comprar o crédito dos bancos, sem especificar as condições de conversão da dívida em equity, segundo um credor.
Além disso, a J&F está oferecendo R$ 10 bilhões por 38% da Braskem (R$ 32 por ação), deixando os Odebrecht sem nenhuma participação remanescente na companhia.
Uma diferença adicional: na proposta da Unipar, o haircut sofrido pelos bancos (R$ 5 bilhões) é transformado numa debênture participativa que permite aos credores capturar um valor adicional se o turnaround da companhia for bem sucedido.
A proposta da J&F, revelada hoje cedo, não fez preço: a ação da Braskem fechou o dia praticamente estável, em alta de 0,3%.