O adiamento da oferta de ações PNA da Braskem está pressionando os investidores que montaram posições short no papel – a estratégia deles era recomprar as ações no follow-on com desconto para cobrir as posições.
Como não vão mais receber os papéis, estão tendo que recomprar no mercado – o ADR da empresa subiu 6% no after hours ontem e abriu em alta de 10% hoje na B3.
O short interest estava em cerca de 30 milhões de ações da Braskem, comparado a um giro diário médio de 3 a 4 milhões de ações – o equivalente a 15,5% do free float.
Desde que a oferta foi anunciada, na primeira semana do ano, a ação acumulava queda de 18% até ontem.
No follow-on, a Novonor (a companhia previamente conhecida como Odebrecht) e a Petrobras planejavam vender 154,8 milhões de ações PNA da Braskem – cada um dos acionistas respondia por metade do total colocado à venda.
No meio da tarde de ontem, os bancos coordenadores diziam que o book estava 1,3x coberto, a R$ 40. Naquele nível, o follow-on movimentaria R$ 6,2 bilhões.
Mas, logo em seguida, os bancos sondaram a demanda para a oferta sair a R$ 42. Não houve interesse do mercado.
Os acionistas preferiram não levar adiante a operação agora. A oferta deverá ser retomada na nova janela, em março, depois da publicação de balanços.
As ações da Novonor foram dadas em garantia a bancos, que têm direito a receber R$ 14 bilhões. Após a venda, Novonor e Petrobras ainda vão se manter no controle da empresa.
Um gestor disse que chama a atenção a falta de interesse de investidores – tanto estratégicos quanto financeiros – na empresa, que há mais de três anos está à venda.
“A Braskem não tem escala global em um business de escala, e está em uma região do mundo que cresce pouco. Não tem nenhuma ‘história’ de turnaround e/ou crescimento. O mercado não vê upside na operação ,” disse, acrescentando que o ciclo está começando a virar, já que os spreads petroquímicos começaram a cair.
Os coordenadores da oferta eram Morgan Stanley, JP Morgan, Bradesco BBI, BTG Pactual, Citi, Itaú BBA, Santander e UBS.