Quais as principais dificuldades para adotar critérios ESG no negócio?
 
E como separar o joio do trigo e evitar o chamado greenwashing?
 
Essas foram algumas das questões abordadas no Conexão ESG, um evento promovido pela SulAmérica.

É verdade que a indústria de fundos brasileiros ainda se encontra num estágio embrionário quando o assunto é ESG, como lembrou o superintendente de renda variável da SulAmérica, Juan Morales.
 
Mas a situação já está começando a mudar.
 
Segundo ele, houve uma demanda repentina pelo assunto no Brasil nos últimos anos, e o crescimento deve ser exponencial daqui para frente, semelhante ao que se viu nos EUA.
 
“Apesar de ser um processo lento, ele veio pra ficar,” disse o diretor-presidente da Abrapp, Luís Ricardo Martins. “Mas a gente precisa mudar o mindset dos gestores.”

Os critérios ESG têm uma ressonância ainda maior no setor previdenciário. “A gente está aqui para correr uma maratona, com investidores de longo prazo,” disse o sócio-fundador e diretor executivo da consultoria Aditus, Guilherme Benites. “A questão da sustentabilidade é intrínseca aos nossos investimentos.”
 
Mas para ser ESG, a empresa precisa ser “perfeita” ou há uma agenda de transição?
 
O ESG começou há muito tempo e não é necessariamente uma revolução, mas sim uma evolução, disse o vice-presidente de investimentos da SulAmérica, Marcelo Mello.
 
A opinião foi compartilhada por Daniela Gamboa, a head de crédito privado da SulAmérica. “Nosso papel é incentivar essas empresas, motivá-las a ter transparência e metas de mudança, metas claras e executáveis, não para o marketing. O compromisso precisa ser assumido em todos os escalões.” 
 
Segundo Ricardo Bottas, o CEO da SulAmérica, trata-se de um valor transversal na empresa. “Para nós, o tema ESG está presente em todas as ações estruturantes da companhia, bem como no nosso planejamento, nos nossos processos e nas nossas decisões, fazendo parte da organização como um todo.”
 
Sem greenwashing
 
Apesar dos avanços recentes, um dos grandes problemas ainda é a falta de informações quantitativas, o que dificulta a tomada de decisão. 
 
“As entidades sentem falta da divulgação de dados de ESG por parte das empresas,” disse Luís Ricardo, da Abrapp. “Também tem o elemento do custo. Para angariar essas informações e analisar, o custo ainda é relativamente alto.”
 
Para Tasso Azevedo, consultor e especialista em sustentabilidade e clima, o primeiro passo para se evitar o greenwashing é verificar se as promessas da empresa têm ligação com seu core business e são capazes de mitigar os impactos de seu negócio. 
 
Também é preciso ver se as questões socioambiental e climática já são tratadas no nível do conselho, pois é ali que se pensa a estratégia de longo prazo, e se a companhia está mesmo disposta a sair da trajetória do “business as usual”, do que é possível fazer, para o que é preciso fazer.
 
Temática ambiental
 
De todos os temas, a questão ambiental é a mais desafiadora, especialmente quando se analisa a cadeia de fornecedores. 
 
“Fornecedores menores são menos propensos a ter a capacidade de fazer o controle e estabelecer metas”, disse Daniela.
 
Mas como o ESG não é responsabilidade apenas das empresas, Tasso recomenda que as pessoas tomem decisões de consumo baseadas não apenas no preço. Um exemplo: no Brasil, quem tem carro flex deveria abastecer com álcool em vez de gasolina independentemente do preço, já que a cana tem um balanço de emissões positivo.
 
“Nossa tomada de decisões deve ter essa consciência de que o ganho marginal financeiro não apaga aquilo que você pretende fazer como impacto.”
 
Para ver a gravação do evento, clique aqui.

Siga o Brazil Journal no Instagram

Seguir