Os profissionais brasileiros estão especialmente desmotivados — e o motivo vai além do dinheiro.

Essa foi a constatação de um estudo inédito da McKinsey que mediu a saúde organizacional das empresas brasileiras: o Mega OHI Brasil 2018.
 
Depois de entrevistar 167 mil pessoas em mais de 70 organizações de 18 diferentes indústrias, descobrimos que a nota média de motivação do profissional brasileiro é de 45 – numa escala de zero a cem. A do resto do mundo está em torno de 55.
 
Essa nota de motivação também é menor que a atribuída a outras dimensões, como o ambiente de trabalho e o grau de inovação, ambos com nota 65. 
 
Os mais desmotivados são os funcionários da linha de frente (34). As principais causas de insatisfação? Falta de reconhecimento e de oportunidades de carreira – também abaixo da média.
 
O diagnóstico, a partir daí, é simples: os programas de engajamento não estão conseguindo energizar e motivar seus funcionários.
 
Mas o que a liderança das empresas brasileiras poderia fazer para reverter esse quadro? Este é o maior desafio.
 
A primeira medida seria reconhecer a importância dos funcionários para os negócios da empresa. A segunda, promover a saúde organizacional como uma questão prioritária e estratégica, que afeta toda a cadeia produtiva.
 
Enquanto 74% dos executivos americanos consideram os talentos de suas organizações um elemento mais importante para o sucesso do que o capital, no Brasil só 35% dos executivos pensam assim.
 
Investimentos em saúde organizacional trazem benefícios de longo prazo. E organizações mais saudáveis geram três vezes mais retornos aos acionistas.
 
Para nós, uma empresa saudável é aquela que consegue: alinhar funcionários, liderança e investidores em uma única visão, executando de forma eficaz e se transformando para manter o desempenho excepcional ao longo do tempo.
 
O papel de um bom líder é formar esse alinhamento e ser capaz de desenvolver todo o potencial de seus funcionários – começando por reconhecer bons resultados e criando oportunidades de crescimento. Mesmo um simples ‘obrigado’ pode fazer diferença aos olhos dos funcionários.
 
Líderes inspiradores precisam buscar formas de dar significado ao trabalho. Devem reger a orquestra e dar espaço para que os outros sejam vistos, ouvidos e admirados.
   
A saúde organizacional deve ser vista como um dos ativos mais importantes. Cada CEO precisa analisar, do ponto de vista dos negócios, quais serão as transformações necessárias e como elas implicarão em crenças e comportamentos.
 
Reavaliar qual tipo de cultura é disseminada em sua empresa, qual mensagem é passada para frente, e como ela afeta o trabalho de toda a cadeia produtiva é um passo importante para o sucesso – hoje é fácil ter parâmetros objetivos, com fatos e dados, para essas questões mais subjetivas.
 
Sem funcionários motivados o resultado da empresa não será atingido de forma sustentável ao longo dos anos.
 
Profissionais motivados são mais produtivos, elevam a competitividade da empresa e, consequentemente, do País. No final, empresas saudáveis entregam mais e melhor.

Ana Karina Dias é sócia da McKinsey e lidera da prática de Organização na América Latina; Anita Baggio é sócia-associada da McKinsey.

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