O mercado global está com as atenções voltadas aos desafios climáticos e ao trabalho coletivo de investimentos em preservação ambiental, redução e compensação das emissões de gases de efeito estufa. O mundo tem avançado em todas essas esferas – especialmente após a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), que terminou no último domingo (20) em Sharm el-Sheikh, no Egito.

O Brasil tem uma participação vital neste cenário pela vocação natural para a originação dos mais diversos tipos de ativos verdes, com destaque para os créditos de carbono, que representam redução de CO2 na atmosfera.

A biodiversidade da Floresta Amazônica garante o maior potencial mundial para a geração desses ativos. No país, existem diversos projetos sendo aprovados nas modalidades de crédito de carbono sequestrado, crédito de carbono evitado, unidade de estoque de carbono e carbono originado de metano. Estima-se que será produzida uma quantidade de mais de um bilhão de toneladas por ano desses ativos.

 

Abertura do mercado brasileiro

Durante a COP27, o Governo do Estado do Amazonas abriu oficialmente seu mercado de carbono para o mundo com o lançamento do Programa Carbono+. Segundo o Secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira, são mais de 809,6 milhões de toneladas de carbono equivalente (tCO2e) já disponíveis para venda.

“Abrindo o mercado podemos reinvestir esses créditos em processos mais perenes de redução das emissões e, com isso, emitir ainda mais créditos de alta confiabilidade – isso em um mercado voluntário. Além disso, também construímos um novo caminho de ativos verdes e isso é extremamente importante. Em 2022, o país deu um grande passo no sentido da regulamentação do mercado com a publicação do Decreto Nº 11.075/22, fomentando a comercialização de ativos brasileiros em bolsas internacionais. Dessa forma, inserimos definitivamente o país em um mercado financeiro verde global e aí as escalas de negociação são muito mais altas. Fortalecer essa comercialização é uma enorme oportunidade para novos negócios e para a transformação social.”

O Brasil tem condições privilegiadas e oportunidades significativas para esse mercado, porque possui grandes possibilidades de oferta e um custo menor e mais competitivo de implementação de projetos em relação à média global, com retornos mais atrativos. Só no regime voluntário, conta com potencial para atender cerca de 49% da demanda no mundo.

O valor total dos mercados globais de carbono atingiu € 194 bilhões, com um acumulado de mais de 14.500 projetos de crédito de carbono. Em termos de receita, representa US$ 120 bilhões para o Brasil até 2030.

 

Pré-sal verde

No mercado de carbono, a Unidade de Estoque de Carbono (UEC) é considerada, segundo o Secretário, o maior ativo da Amazônia hoje, caracterizando um verdadeiro “pré-sal verde”.

“É importante que a gente possa enxergar e estimular o potencial para um novo tipo de negócio. Não tenho dúvidas de que esse é o futuro do Brasil. O nosso país é o principal player nesse mercado que está se tornando cada vez mais robusto, porque o carbono estocado na Amazônia é o maior ativo verde que possuímos. A preservação da floresta em pé é fundamental para a manutenção dessa agenda climática que o mundo todo tem buscado.”

Além de altamente relevante para a saúde do planeta, a Unidade de Estoque de Carbono é vista como uma alternativa segura para os investidores no setor privado, potencializando a valorização e comercialização desses ativos em nível nacional e internacional.

“A melhor maneira, o melhor mecanismo que temos para preservar as florestas é incluí-las na economia limpa, trazendo benefícios diretos para as populações que lá vivem. Sem dúvida alguma, o carbono estocado é a chave de um circuito inovador de desenvolvimento global”, completa Eduardo Taveira.

No país, já existem fundos de investimentos focados no potencial de comercialização dos ativos de carbono. Com as portas abertas no mercado internacional e a demanda crescente das empresas, é um investimento promissor e, nos próximos anos, deve fazer do Brasil um dos principais players mundiais do mercado.

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