O Bradesco reportou um resultado acima do esperado – e marcado por desempenhos mistos nas diversas linhas de atuação.
O banco teve um lucro de R$ 7 bi no segundo trimestre, com alta de 11,4%, com forte crescimento na margem com clientes, tarifas e seguros.
Essas linhas mais do que compensaram a queda na margem das operações de tesouraria – que ficou negativa em R$ 587 milhões, pressionada pela Selic – e a alta de 10% nas despesas com PDD, por conta da volta da inadimplência para níveis históricos e do crescimento das linhas de crédito de maior retorno e, portanto, mais risco.
O ROE do banco ficou em 18,1% no trimestre, ante 18% no 1T22.
A receita de prestação de serviços cresceu 6,7% para R$ 9 bilhões beneficiada pelo forte desempenho em cartões, que registrou um crescimento na base de 46% na comparação anual. No crédito pessoal, a alta foi de 20,9%.
Chamou a atenção o crescimento do banco nas linhas de crédito mais arriscadas. “‘Bradesco’ e ‘agressividade’ raramente estão na mesma frase,” disse um gestor.
O NPL de 15-90 dias permaneceu estável em 3,6%; e o NPL acima de 90 dias saiu de 3,2% para 3,5%.
No Citi e no JP Morgan, os analistas destacaram que a alta de 30 pontos-base no NPL acima de 90 dias foi ‘ajudada’ pela venda de uma carteira de crédito de R$ 2 bilhões – sem essa venda, a alta teria sido de 60 pontos.
“Acreditamos que a contínua deterioração da qualidade dos ativos é a principal preocupação, e o segundo trimestre não trouxe alívio nessa questão,” escreveu Rafael Frade, do Citi.
Para o BTG, diante das baixas expectativas do mercado em relação aos resultados do Bradesco, ao fraco desempenho da ação no ano e ao cenário de possível fim do ciclo de alta da Selic, a ação poderia reagir bem ao resultado.
“Houve coisas para se gostar e outras nem tanto, mas no geral, o trimestre veio dentro do esperado”, escreveram os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura.