Um dia depois do Presidente Bolsonaro aventar a hipótese da China ter criado a covid em laboratório como parte de uma “guerra química” contra o mundo, autoridades ligadas ao sistema de saúde temem represálias contra o Brasil no fornecimento de insumos.
“Embora a embaixada da China no Brasil venha dizendo que não há esse tipo de problema [político], a nossa sensação de quem está na ponta, é que existe dificuldade [na liberação dos insumos]. A burocracia está sendo mais lenta do que o que seria o habitual,” disse o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Segundo ele, a data prevista de liberação do próximo lote de insumos era dia 10, mas “agora já foi para o dia 13. O volume inicial era de 6 mil litros e agora existe uma expectativa de 2 mil litros.”
Dimas se disse preocupado com “as sucessivas manifestações que o governo federal vem fazendo contrariamente ao governo da China,” neste momento o único fornecedor de insumos para a vacina do Butantan e da AstraZeneca.
Fausto Pinato, deputado pelo PP de São Paulo e presidente da Frente Parlamentar Brasil-China do Congresso Nacional, disse à colunista Denise Rothenburg, do Correio Braziliense, que, das outras vezes, quando Bolsonaro dizia que não compraria a vacina chinesa, ou quando o deputado Eduardo Bolsonaro atacou a China nas redes sociais, ele conseguia limitar o estrago e manter a ponte com os chineses.
“Agora, não tenho mais cara para fazer esse papel. Bolsonaro já trocou dois, três ministros para melhorar essa relação e, agora, vai lá, ele mesmo, e faz insinuações de guerra química. Vai ser difícil renovar contratos no futuro, caso Bolsonaro não mude o discurso”, diz Pinato.
Ele disse ainda que, se faltar vacina e insumo, “Bolsonaro precisa ser afastado imediatamente. Não tem conversa.”
Ontem à noite, o deputado — membro da base aliada, e definitivamente não comunista — publicou uma nota questionando a sanidade mental de Bolsonaro e recomendando a “interdição civil para tratamento médico.” Veja abaixo.