A queda de um jato da Ethiopian Airlines no fim de semana é uma enorme dor de cabeça para a Boeing — jogando suspeita sobre seu modelo mais vendido — mas a incerteza também vai respingar sobre a Gol, que baseou todo seu plano de renovação de frota no modelo, o 737 MAX 8.
 
A tragédia de domingo matou 157 pessoas.  Cinco meses atrás, o mesmo modelo — operado pela Lion Air — esteve envolvido em outro acidente fatal que vitimou 189 pessoas na Indonésia.  Ambos os acidentes ocorreram minutos após a decolagem.
 
Na madrugada de hoje, a China determinou que todos os MAX 8 em operação no país ficarão no chão até que haja mais clareza sobre as causas do acidente.  Há 96 jatos deste modelo voando na China. Em todo o mundo, passageiros estão usando as redes sociais para pedir que as companhias parem de operar o avião.
 
O MAX é a quarta geração dos Boeing 737. A família tem quatro modelos diferentes (o que varia é a capacidade). Os dois que caíram eram MAX 8.
 
Lançada em agosto de 2011, a família MAX fez seu primeiro vôo em janeiro de 2016 e foi certificada pela FAA em março de 2017.  A primeira entrega comercial foi de um MAX 8, dois meses depois.  Até janeiro deste ano, a Boeing já havia recebido 5.011 encomendas firmes da família MAX, e 350 já haviam sido entregues.
 
A GOL tem sete MAX 8; o primeiro chegou em junho do ano passado.
 
O plano da companhia é gradualmente substituir todas as suas aeronaves pelo MAX 8 até 2028.  (Por enquanto, oito trocas estão previstas para 2019.) 
 
O MAX 8 tem capacidade para 186 passageiros e consome 15% menos combustível que os modelos anteriores usados pela GOL — os chamados ‘737 NG’ —  e é tido como fundamental para a redução de custos operacionais da companhia.
 
Um mês depois de receber a aeronave, a GOL aumentou a aposta:  anunciou a aquisição de mais 15 jatos, elevando seu total de pedidos do 737-MAX 8 para 100. 
 
Além disso, a companhia converteu outras 30 encomendas do MAX 8 para o MAX 10, que acomoda mais 30 passageiros (5 fileiras adicionais com 6 poltronas cada).
 
No anúncio, o CEO Paulo Kakinoff disse que a encomenda “reforça a estratégia de reduzir custos operacionais operando uma frota padronizada e uma malha integrada, permitindo que a GOL continue a reduzir as tarifas nas rotas atendidas e adicionar novos destinos. Estamos confiantes de que o 737 MAX 10 oferecerá vantagens competitivas significativas em rotas de alta densidade e em aeroportos com restrições de slots.”
 
A GOL opera 122 aeronaves, sendo 115 NGs — (NG significa ‘Next Gen’, e é o sufixo dado às séries 600/700/800/900 do 737) — e sete MAX.  
 
O maior alcance do 737 MAX 8 é fundamental na estratégia de voos internacionais da GOL. Desde que começou a receber os MAX, a empresa já anunciou voos para Quito, Miami, Orlando e Cancún.
 
O voos de Miami e Orlando, partindo de Brasília e Fortaleza, e o São Paulo-Quito, entraram em operação no final do ano passado.
Já o voo de Cancún está previsto para entrar em operação em junho, mas as vendas de bilhetes já começaram. O plano da Gol com o MAX é lançar um novo destino internacional a cada trimestre nos próximos dois anos.
 
Analistas estimam uma queda de 5% a 10% para a Boeing na abertura de hoje em Nova York.  Até sexta-feira, a ação da Boeing tinha a melhor performance entre os 30 componentes do Dow, com alta de 31% desde o início do ano.
 
Nos EUA, Southwest Airlines, American e United Airlines têm o modelo em suas frotas.
 
Ontem à noite, a Boeing cancelou um evento marcado para esta quarta-feira, no qual apresentaria sua próxima família de jatos, os 777X.

 
O modelo, para voos de longa duração, terá janelas maiores, melhor iluminação interna e as maiores asas já fabricadas pela Boeing.
 
Por causa disso, as pontas das asas serão dobráveis, permitindo que o avião se encaixe nos gates atuais.
 
UPDATE:  Ao longo do dia, GOL, Aeromexico e Aerolineas Argentinas anunciaram que estão suspendendo suas operação com o MAX 8.