A Bewater — uma gestora de venture capital fundada por três executivos da velha economia — acaba de fazer o ‘first closing’ de seu primeiro fundo, levantando US$ 50 milhões de uma captação que deve ficar entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões. 

A Bewater foi fundada por Carlos Degas Filgueiras, mais conhecido por ter sido CEO e sócio da DeVry/Adtalem por mais de 15 anos; Fabio Armaganijan, um ex-COO da Kraft Heinz nos Estados Unidos; e Guilherme Weege, o CEO e controlador do Grupo Malwee.

 Degas filgueirasA rodada foi feita basicamente com family offices brasileiros, com a WHG colocando o maior cheque até agora. Os três fundadores também estão investindo, colocando cerca de US$ 14 milhões do total.

“Somos três operadores ‘graxa na unha’ fazendo VC,” Degas disse ao Brazil Journal. “Nosso pitch para o empreendedor é que, se ele deixar a gente investir, vamos trabalhar para eles de graça.”

Segundo Degas, como o Brasil tem muitos investidores de primeira viagem, a vivência dos três fundadores na operação de grandes empresas tem um valor muito grande para quem está começando. 

“Vamos entrar num momento em que o empreendedor já encontrou o product-market fit e está na fase de execução. E sair de 50 funcionários para 500 e conseguir escalar o negócio não é algo trivial,” disse ele. 

A Bewater deve fazer de seis a dez investimentos na América Latina (principalmente no Brasil), com cheques de US$ 6 milhões a US$ 10 milhões. 

O foco é no que Degas chama de ‘midstage growth’ — o espaço entre o early stage/Série A e os investimentos mais de late stage

Segundo ele, há uma lacuna nessa etapa do ecossistema, já que “nos tempos das vacas gordas quem fazia esse meio do caminho eram os próprios fundos de late stage, que saíam um pouco de sua expertise para conseguir entrar antes nas startups e a preços melhores,” disse Degas.

Agora, esses fundos puxaram o freio de mão, o que deixou esse espaço vazio.

“Não vamos buscar o ‘retorno nuclear.’ Preferimos abrir mão do ‘retorno nuclear’ para mitigar riscos,” disse Degas. “Pra gente, o risco do principal investido tem que ser praticamente zero, então só buscamos empresas que já estejam no breakeven ou que tenham uma clareza muito grande de como chegar lá.” 

Num mercado de VC marcado por correção nos valuations e demissões em muitas startups, Degas diz que o “mundo está aterrisando no lugar onde estava antes.”

“Para investir, não podia haver um momento mais oportuno. Nossa tese é que nos próximos quatro anos vai dar para montar a melhor safra da história do venture capital na América Latina.”