Se uma coisa ficou clara na pandemia é que o trabalho tradicional — um escritório próprio com os funcionários batendo ponto todo dia — talvez nunca volte a ser como antes.
Para monetizar este ‘novo normal’, a Beer or Coffee criou um marketplace que ajuda as empresas a se posicionar para o trabalho híbrido.
A plataforma é uma espécie de ‘Booking dos coworkings’, conectando mais de 1.000 espaços de trabalho flexíveis com 400 empresas que já são clientes da startup num modelo de pay per use (a companhia só paga quando seus funcionários usam algum dos espaços).
Agora, a Beer or Coffee acaba de levantar uma rodada de US$ 10 milhões (R$ 56 milhões ao câmbio de hoje) para surfar um movimento que ela acha que está só começando.
“As empresas estão percebendo que precisam adaptar o seu modelo de trabalho e dar mais opções para os colaboradores, até como uma forma de atrair e reter talentos,” Roberta Vasconcellos, a fundadora, disse ao Brazil Journal.
A Série A foi liderada pela Kaszek e teve a participação da Valor Capital. A startup já havia levantado outros R$ 8 milhões antes com Kees Koolen, o cofundador do Booking.com.
A Beer or Coffee está apostando que o futuro do trabalho não vai ser nem o ‘apocalipse dos escritórios’ nem o que era antes da pandemia.
“Nada substitui o trabalho físico: as pessoas querem estar em casa, mas precisam da infraestrutura das empresas, e tem dias que elas simplesmente querem trocar de ambiente,” disse a fundadora. “Além disso, o trabalho cada vez mais está se tornando descentralizado, com as equipes espalhadas por vários lugares do Brasil e do mundo.”
Na Beer or Coffee, as principais ocasiões de uso da plataforma são funcionários que vão aos coworkings 2x ou 3x por semana, bem como empresas que alugam espaço para encontros presenciais periódicos entre funcionários de cidades onde ela não tem sede física.
Fundada em 2017, a Beer or Coffee é a segunda startup de Roberta, que trabalha no ecossistema de inovação há mais de 12 anos. A empreendedora começou na SambaTech, uma startup de Belo Horizonte, de onde saiu para criar seu primeiro negócio.
Em 2013, ela fundou a Tysdo, que era uma espécie de “social list de coisas que as pessoas queriam fazer.” A plataforma chegou a ter mais de 200 mil usuários, mas os fundadores não conseguiram achar um modelo de negócios que fosse sustentável e escalável.
O embrião da Beer or Coffee surgiu anos depois, como uma plataforma que ajudava os usuários do Cubo Itaú a se conectar.
Com o sucesso da plataforma, “outros coworkings começaram a procurar a gente, e percebemos que o que eles precisavam mesmo era de uma plataforma que originasse clientes para eles.”
No modelo atual, a Beer or Coffee é focada apenas no B2B: ela fecha contratos com o RH das empresas, que passam a oferecer o acesso à plataforma a seus colaboradores. Quando algum dos funcionários usa um dos 1.000 coworkings da plataforma, a empresa paga um valor para a Beer or Coffee, que repassa ao coworking, retendo uma comissão.
A startup já atende grandes empresas como Ambev, Algar e Inter, e startups como iFood, Quinto Andar e Creditas. No total, são mais de 400 clientes que somam 100 mil usuários.
O mercado de coworkings sofreu um baque na pandemia, com alguns espaços tendo que fechar a porta com a escassez de demanda. Mas, segundo Roberta, o setor já voltou a crescer num ritmo até superior ao pré-covid, beneficiado por uma aceleração de tendência.
Globalmente, os coworkings respondem por apenas 2,5% de todos os espaços de trabalho. Um estudo feito antes da pandemia pela JLL, a consultoria global de real estate, previa que até 2030 esse número subiria para 30%.
Refeito há alguns meses, o estudo agora prevê que essa porcentagem vai ser atingida em 2025.