A ação do Banco Pan disparou mais de 6% hoje com o mercado especulando que a incorporação da companhia pelo BTG Pactual pode ocorrer já nos próximos dias.

O volume negociado foi de R$ 31,1 milhões, o dobro da média dos últimos 5 pregões e o triplo da média dos últimos 30.

O BTG tem 76,9% das ações do Pan e precisaria fazer uma oferta pelo free float (21,6%), que teria que ser aprovada por dois terços das ações em circulação. (Há ainda 1,5% das ações na tesouraria). O float é concentrado nas mãos de poucos grandes acionistas pessoa física que tem posições históricas no papel. 

Do ponto de vista operacional, a incorporação faz todo o sentido — já que traria diversas sinergias de custo, além de potenciais ganhos fiscais. 

“Todo mundo sabe que isso deve acontecer, porque não faz sentido nenhum um banco listado ser controlador de outro banco listado e não aproveitar todas as sinergias de ter uma plataforma única,” disse uma fonte do setor. “A grande dúvida sempre foi o timing.”

O BTG já é acionista do Pan desde 2011, mas só assumiu o controle do banco em 2021, quando comprou as ações que pertenciam à Caixa, saindo de 44% do capital para 71,7%. De lá para cá, o BTG fez mais compras no mercado, elevando sua posição para os 76,9% de hoje. 

Movimentações recentes no Pan mostram que a tese de que a incorporação está próxima é cada vez mais plausível. 

O BTG trocou o CEO do Pan em fevereiro, instalando André Luiz Calabro, que já estava no BTG nos últimos dois anos. 

Além disso, diversos cargos de diretoria do Pan já são ocupados por executivos do BTG. É o caso de Christian Flemming, o CTO do BTG que acumula a função no Pan; Bruno Duque, o diretor jurídico do BTG, que também acumula; Mariana Cardoso, a diretora de compliance; e Bruno Peuker, que lidera a plataforma de banking B2C. 

“O Pan já está operando hoje com uma estrutura quase matricial, com quase todas as suas áreas de negócio e suporte respondendo às áreas equivalentes do BTG. Só a área de crédito ainda tem uma estrutura própria,” disse uma fonte próxima ao BTG. 

Há ainda outros sinais.

Em calls com o mercado, o CEO do BTG, Roberto Sallouti, já vem se referindo ao Pan como uma marca do grupo. No último call de resultados, Sallouti disse que vê muita complementaridade entre as plataformas do BTG e do Pan, dados os diferentes perfis de renda que cada uma atende. 

A dúvida que resta é o prêmio que o BTG estaria disposto a pagar.

Hoje, o Pan vale R$ 11,79 bilhões na Bolsa, com sua ação subindo 52% desde o início do ano. A preço de tela, uma oferta por 21,6% do capital movimentaria cerca de R$ 2,59 bilhão.