A B2W, empresa de e-commerce que controla o Submarino, a Americanas.com e o Shoptime, contratou uma pessoa para focar em suas relações com investidores nos EUA.

O objetivo da B2W, com o tempo, é listar suas ações na Nasdaq, onde muito provavelmente a empresa conseguiria um valor de mercado maior do que no Brasil, dado o grande número de fundos americanos acostumados a investir em IPOs de empresas de tecnologia.a-b2w-brands

“Não faz muito sentido essa companhia ser listada no Brasil, dado o posicionamento que eles têm e o que eles querem ser ao longo do tempo,” diz um investidor que acompanha a empresa.

A decisão de investir num esforço de RI nos EUA vem num momento em que os controladores indiretos da empresa — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que juntos controlam as Lojas Americanas, a dona da B2W — conseguiram se estabelecer como nomes de referência no capitalismo americano por meio da Anheuser-Busch Inbev e das aquisições da 3G Capital: Burger King, Heinz e Kraft.

“Em tese, só de fazer o re-branding da B2W como uma empresa da 3G já garantiria um valor de mercado maior,” disse, meio a sério e meio brincando, outro investidor.

Mas listar qualquer companhia nos EUA envolve custos substanciais, ainda mais depois da aprovação da Sarbanes-Oxley, uma lei de 2002 que aumentou as exigências de transparência e responsabilidade civil e criminal para os conselheiros e executivos de empresas listadas.

A B2W também pretende usar seu RI local para obter mais informações sobre o mercado de tecnologia americano e, se conseguir despertar o interesse de uma massa crítica de fundos de tecnologia, pode tomar a decisão de listagem.

Por enquanto, o investidor na B2W de maior renome internacional está saindo do papel.

A Tiger Global Management, a gestora americana que no ano passado participou de um aumento de capital na B2W, está zerando sua participação na empresa.

Feroz Dewan, o gestor do portfólio que carrega as ações da B2W, está de saída da Tiger para abrir seu próprio negócio, e os relatórios mensais da gestora junto à SEC mostram que ela vem reduzindo sua posição na B2W gradualmente. Dewan fica na Tiger até o final deste mês.

Carlos Alberto SicupiraColocando na conta alguns grandes block trades que ocorreram em maio e junho, investidores que acompanham o papel estimam que faltam cerca de 4 milhões de ações para a Tiger zerar sua posição, mas, dada a boa performance da ação nos últimos dias, pode ser que as vendas do fundo já tenham chegado ao final.

Nos últimos doze meses, a ação da B2W cai 24%.

Em janeiro de 2014, com a ação negociando a 15,50 reais, a Tiger ofereceu pagar 25 reais por ação num aumento de capital. O interesse da Tiger — cujo histórico de acertos inclui o Facebook e a Zynga — fez a B2W disparar e negociar bem acima do preço do aumento de capital. A ação bateu 40 reais em setembro, mergulhou para 16 reais em março, e agora negocia ao redor de 24 reais.

Como a Tiger tem uma posição relevante no e-commerce da China, por meio de participações em diversas empresas, a presença da Tiger na B2W permitia que os ‘comprados’ sonhassem com M&As que demonstrariam o ‘verdadeiro valor’ do ativo: para uns, a Tiger ia promover o casamento da B2W com o Alibaba. Para outros, usaria a B2W como consolidadora do e-commerce na América Latina. No final, a Tiger ficou menos tempo do que todo mundo esperava e, fora a volatilidade, nada aconteceu.

A saída da Tiger acontece no momento em que a B2W está começando a colher os frutos de investimentos pesados feitos nos últimos anos — principalmente em logística e sistemas — e aumentando o foco da sua operação. No mês passado, a empresa vendeu seu negócio de viagens (Submarino Viagens) para a CVC por 80 milhões de reais, e, de acordo com meu colega Lauro Jardim, outras vendas virão.