O Grupo SBF, dono da Centauro e da operação da Nike no Brasil, acaba de reportar um terceiro tri bem acima do consenso – ajudando a empresa a diminuir os pontos de interrogação que surgiram no trimestre anterior.
O lucro líquido ajustado foi a linha que mais excedeu as expectativas: uma alta de 52,5% na comparação anual para R$ 70,5 milhões. O consenso de analistas da Bloomberg esperava ganhos de R$ 6,7 milhões.
A receita líquida cresceu 22% para R$ 1,79 bilhão, também acima do consenso (R$ 1,67 bilhão).
O destaque ficou para a operação da Nike: a Fisia cresceu 47,1% enquanto a Centauro ficou de lado (as vendas subiram 1,6%).
O EBITDA disparou 89,6% para R$ 271 milhões – enquanto os analistas esperavam R$ 160 milhões.
O CEO Pedro Zemel disse ao Brazil Journal que esses resultados aconteceram, principalmente, pela redução do SG&A em 4,6 pontos percentuais na comparação trimestral e 4,4 pontos na anual. Além disso, também houve um aumento da rentabilidade na operação digital.
“O resultado deste tri é mais uma continuidade do que parece. Estávamos mudando uma história de crescimento para rentabilidade, e isso precisa de ajustes,” disse o CEO. “Não estávamos falando groselha nos trimestres anteriores.”
Um ponto que deve aliviar os investidores é a redução nos estoques da varejista após sete trimestres de alta. No terceiro tri, a empresa registrou R$ 1,96 bilhão de estoques, queda de 5,8%.
Zemel admite que o patamar ainda é alto e que o processo de ajustes continua. Segundo ele, as promoções devem ser mantidas – ainda mais no período de Black Friday, que se tornou uma das principais datas de venda do varejo.
Uma prova disso é que as margens ainda estão distantes das máximas. No tri, a margem bruta caiu para 46,6%, redução de 1,3 ponto na comparação anual.
A alavancagem, por sua vez, veio melhor: caiu de 3,35x no segundo tri para 2,98x no terceiro. Segundo Zemel, esses números devem melhorar ainda mais no quarto tri com as vendas de fim de ano.
“Existem vários desenhos e simulações que fazemos e, por causa da sazonalidade do quarto tri, devemos levar a alavancagem a patamares historicamente baixos,” disse.
Mais que resultados acima das expectativas, Zemel precisa mostrar ao mercado que o Grupo SBF vai se comunicar melhor a partir de agora.
Quando reportou um segundo tri abaixo da expectativa, a varejista viu sua ação implodir 25% em um dia. O problema, segundo gestores e analistas, foi mais a falha na comunicação do que no resultado em si. A partir disso, Zemel passou a se reunir mais frequentemente com investidores para mudar sua imagem e a da própria empresa.
Para alguns gestores, ainda há muito o que melhorar. Zemel disse que houve um período importante de escuta, e que tem tomado decisões para mudar essa imagem.
“No call de resultados, por exemplo, o sellside vai poder entrar ao vivo, algo que era uma questão,” disse o CEO. “E vamos manter a prática de fazer reuniões nos bancos para poder esclarecer quaisquer dúvidas que tenham surgido.”