A Azzas 2154 reportou um segundo trimestre que bateu o consenso no EBITDA e no lucro, e anunciou mudanças no senior management incluindo um novo CFO. 

Rafael Sachete, o atual CFO, vai assumir o comando da unidade de calçados e bolsas, que responde por cerca de 30% do resultado da Azzas. 

Alexandre Birman - 2Para seu lugar, a companhia contratou Eric Alencar, um ex-CFO da Cyrela e da Oncoclínicas que estava no Carrefour Brasil há dois anos. Eric assume a posição em setembro. 

A promoção de Sachete vem num momento em que a unidade de calçados e bolsas vem apresentando resultados fracos. No segundo tri, ela foi a vertical de menor expansão, crescendo apenas 0,7%.

“É um resultado muito aquém do que esperamos,” o CEO Alexandre Birman disse ao Brazil Journal. “É uma vertical que já tem um market share alto, mas esperamos que ela cresça no mínimo ‘high single digits’. A Vans, que tem um peso grande, não tem como crescer mais porque chegamos no limite de receita que podemos ter no Brasil. A Arezzo e a Anacapri cresceram bem, uns 7%. Mas a Schutz teve um crescimento muito baixo.”

Sachete disse que suas prioridades no cargo serão cuidar do legado das marcas, reestruturar processos e fluxos, e acelerar o crescimento e ganho de share, mas com um viés muito forte de rentabilidade. 

O executivo tem mais de 20 anos de casa e estava como CFO desde abril de 2017, trabalhando lado a lado com Birman. 

No segundo tri, a receita líquida da Azzas cresceu quase 11% ano contra ano para R$ 2,9 bilhões. 

Já as despesas fixas avançaram apenas 1% — em parte por conta da captura de sinergias da fusão entre Arezzo e Soma que deu origem à empresa — o que levou a uma forte alavancagem operacional.

Isso se refletiu no EBITDA, que cresceu 9% para R$ 535 milhões com uma margem de 18,5% — a maior da história da companhia para qualquer trimestre. O EBITDA veio cerca de 5% acima do consenso, que projetava R$ 512 milhões. 

Já no bottom line o ‘beat’ foi significativo por conta de um fator não-recorrente: reversões de provisões que a companhia havia feito ao longo do ano passado e deste, por conta da lei 14.789, que estabeleceu a cobrança de IR e contribuição social sobre benefícios fiscais. (Um julgamento do STJ no final do primeiro tri determinou que a lei não é válida para benefícios de crédito presumido – os créditos usados pela Azzas.) 

Enquanto o mercado projetava um lucro líquido de R$ 162 milhões, a Azzas entregou R$ 537 milhões. Desse total, cerca de R$ 370 milhões vieram das reversões das provisões do ano passado e deste ano. 

08 07 Rafael Sachete ok 1A Azzas já fez todas as reversões de provisões neste tri, mas Sachete disse que a mudança vai gerar um ganho no bottom line dos próximos trimestres, já que a companhia estava pagando em torno de R$ 60 milhões a mais de impostos todos os tris por conta da lei. 

No top line, o destaque do trimestre foi a vertical de vestuário feminino, que cresceu 20,1% impulsionada principalmente pelos resultados da Farm. A vertical de vestuário masculino, que inclui a Reserva, também performou bem, crescendo 11,5%.

Já a vertical Basic, onde está a Hering, teve um crescimento de 7,3%, prejudicado pelo resultado do B2B, com vendas fracas para as franquias da rede.

Birman disse que isso foi uma decisão deliberada da companhia, que avaliou que o nível de estoque dos franqueados estava muito alto.

“Tínhamos abastecido a rede muito forte no ano passado com produtos perenes, mas as vendas vieram abaixo do esperado. Faz parte do modelo de negócio controlar o estoque dos franqueados para melhorar o giro e garantir que eles tenham capacidade de honrar os compromissos.”

Essa decisão levou a uma queda de 7,8% nas vendas para as franquias. Por outro lado, as lojas próprias tiveram uma performance muito forte, crescendo 24,2%, com destaque para as três megastores que a companhia abriu recentemente, que aumentaram sua receita em mais de 80%. 

Birman disse que, dado os bons resultados destas lojas, a companhia tem um plano “bem robusto” de aberturas com esse formato, incluindo franquias. 

Sobre as perspectivas para o segundo semestre, o CEO disse que junho foi um mês “mais complexo”, com as vendas desacelerando um pouco em relação ao segundo tri.

“Não vai ser um semestre fácil, até pela insegurança macro. Mas em agosto viramos para a coleção de verão, e o sell in, que é o que dita ritmo, foi positivo,” disse o CEO.