Desde que levantou R$ 2 bilhões em seu IPO há dois anos, o Grupo GPS colocou o dinheiro para trabalhar.
A companhia de serviços terceirizados fez 17 aquisições, que já adicionaram cerca de R$ 3,1 bilhões à receita bruta da empresa.
Os M&As, no entanto, estão longe de esfriar.
Num relatório publicado hoje, o Bradesco BBI disse que espera que o Grupo GPS faça pelo menos outras nove aquisições no segundo semestre deste ano — que adicionariam R$ 0,40 por ação ao valor justo da companhia.
O analista Victor Mizusaki conversou com o COO Marcelo Hampshire, que disse que o Grupo GPS está com 14 conversas abertas e em fase de due diligence.
Somadas, essas 14 empresas faturam R$ 3 bilhões — 50% acima do guidance que o Grupo GPS deu de adicionar R$ 2 bi por ano de receita bruta com M&As.
“Na nossa visão, o Grupo GPS deve manter seu histórico de aquisições assertivas com um múltiplo médio de 5,5x EV/EBITDA,” escreveu o analista. (O papel da GPS negocia a 8,7x.)
Segundo o Bradesco, as novas aquisições devem focar principalmente em empresas de terceirização, de gestão predial e serviços de segurança, ainda que o GPS deva expandir também para outros mercado estratégicos, como manutenção para distribuidoras de energia e empresas mais expostas a tecnologia.
No relatório, o Bradesco também discutiu o impacto da reforma tributária no resultado da companhia.
Hoje, o GPS é a única empresa do Brasil do setor de gestão predial que opera no regime cumulativo do PIS/Cofins. “A reforma em discussão substituiria o PIS, Cofins, ISS, ICMS e IPI por uma taxa única (o IBS), acabando com essa vantagem tributária,” escreveu Victor.
Nas contas do Bradesco, esse impacto negativo tiraria 0,8 ponto percentual da margem EBITDA da companhia e R$ 866 milhões do net present value (NPV), ou R$ 2,10 por ação.
O analista nota, no entanto, que o Grupo GPS poderia repassar esse aumento de impostos. “Também vemos um incentivo para as companhias brasileiras acelerarem a terceirização das atividades já que os custos trabalhistas não devem gerar créditos de IBS,” diz o relatório.
No Brasil, os serviços terceirizados representam apenas 0,8% do PIB, em comparação a 1,6% nos Estados Unidos e uma média de 1,9% nos países desenvolvidos. “Por fim, o Grupo GPS paga hoje a taxa municipal do ISS de 3,7% da receita, que tem o problema de ser cumulativa. Essa taxa deve ser substituída pelo IBS, eliminando esse custo.”
O banco manteve a recomendação de ‘compra’ para o Grupo GPS e elevou o preço-alvo em 5% para R$ 21. O papel negocia hoje a R$ 15.
A companhia vale R$ 10 bilhões na Bolsa.