O Assaí reportou crescimento em quase todas as métricas do terceiro tri, com a receita líquida subindo 30% e o EBITDA, 20%, ultrapassando pela primeira vez a marca de R$ 1 bilhão num trimestre.
As vendas cresceram em grande parte pelas inaugurações de novas lojas – foram 44 nos últimos 12 meses, que responderam por dois terços do crescimento de receita no trimestre.
Ainda assim, a companhia também manteve um crescimento relevante nas vendas ‘mesmas lojas’, que avançaram 9% no período.
Apesar do crescimento do top line, a margem bruta caiu 0,4 ponto para 16,3%, e a margem EBITDA caiu 0,5 ponto para 7,3%.
A queda nas margens já vinha sendo sinalizada pela companhia, e tem a ver em grande parte com as despesas pré-operacionais das lojas ainda não abertas. (No final de agosto, o Assaí tinha 8.000 funcionários contratados para 30 lojas pré-operacionais.)
Pela primeira vez, o Assaí reportou essas despesas pré-operacionais separadas. Excluindo essas despesas, a margem EBITDA ajustada ficou em 7,7%, praticamente em linha com o ano anterior, a despeito do forte investimento.
Com a alta da Selic e o aumento da dívida bruta, as despesas financeiras cresceram 3,5 vezes para R$ 314 milhões. Ainda assim, a varejista fechou o trimestre com lucro líquido de R$ 281 milhões. (A XP esperava R$ 203 milhões.)
O Assaí também aumentou o seu guidance para as conversões de lojas Extra e para as aberturas orgânicas. Agora, a varejista espera converter 45 lojas até o final do ano (a projeção anterior eram 40), e abrir 13 outras do zero, das quais nove já foram abertas.
O resultado do terceiro tri vem dois dias depois da ação cair 9% em meio a rumores de um block trade do Casino, que é dono de 41% da empresa.
O mercado passou a especular sobre uma venda da posição no Assaí depois que os credit default swaps do Casino explodiram no início da semana – o que sugere uma deterioração do risco da empresa, ainda que os bonds do Casino no mercado internacional tenham ficado estáveis.
Com isso, o mercado passou a apostar que o controlador do Casino, Jean-Charles Naouri, terá que se desfazer de ativos, o que levou bancos da Faria Lima a se entusiasmar com uma potencial transação.
Um desses bancos disse, no entanto, que o Casino pode arbitrar entre vender um bloco de Assaí ou o Monoprix, a icônica rede de lojas de vizinhança, que sempre teve fortes interessados. Alguns bancos acham que, dada a proximidade da eleição e um possível rali com a onda de reeleição do atual governo, talvez a opção Monoprix faça mais sentido se o Casino tiver pressa.
Com o Assaí valendo R$ 24 bi na Bolsa, a venda de um bloco de ações ainda que pequeno – como 10% da companhia – qualificaria como um dos maiores deals de um ano que até agora frustrou os bancos de investimento.
Com a queda gerada pela especulação sobre um eventual bloco, o JP Morgan recomendou aos clientes aumentar a posição no papel, “um dos perfis mais fortes de crescimento de nossa cobertura.” Com a ação a R$ 18, o Assaí negocia a 16x o lucro estimado para 2023.
Um block trade parcial do Casino aumentaria a liquidez do papel e seria bem recebido pelo mercado, dado que não mudaria o comando da empresa, exercido na prática pelo CEO Belmiro Gomes.