A Asaas — uma fintech que oferece uma conta PJ com gestão de pagamentos e ERP para pequenas e médias empresas — acaba de levantar R$ 100 milhões para acelerar seu crescimento.

O objetivo: faturar R$ 1 bilhão em 2025 com mais de 1 milhão de clientes na base.

A startup deve fechar este ano com receita de R$ 230 milhões e 200 mil companhias como clientes.

boopo piero conteziniA rodada — uma extensão da Série B de 2020 — foi feita basicamente por investidores que já estavam no cap table: a Inovabra, a gestora de venture capital do Bradesco; a Parallax Ventures; a Light Capital Group; e a Escala.

O único novo investidor é a TM3 Capital, uma gestora de venture capital do Sul

A injeção de capital vai fortalecer o balanço da Asaas para que ela possa acelerar seu crescimento. O cofundador Piero Contezini disse ao Brazil Journal que a startup está chegando perto do limite regulatório exigido pelo Banco Central e, sem os novos recursos, teria que reduzir seu ritmo de crescimento.

O BC exige que as instituições de pagamento tenham um patrimônio líquido equivalente a 100% dos depósitos em conta dos clientes, além de uma sobra que, em média, é de 2% do TPV dos últimos doze meses. 

“Essa ‘sobra’ era tudo que tínhamos de balanço disponível. Então, teríamos que começar a reduzir nosso crescimento para não ultrapassar isso,” disse o fundador.

Segundo Piero, a Asaas já gera caixa há anos e não tem necessidade de capital para sustentar a operação.

Fundada por Piero e seu irmão, Diego, a Asaas nasceu dentro da antiga empresa dos dois — uma software house chamada Informant, vendida em 2014. 

Na época, eles criaram um software que automatizava a cobrança dos boletos das empresas — mandando emails para o cliente final, mensagens de texto e ligações com bot de voz.

Quando venderam a Informant, os Contezini fizeram um spinoff desse software, dando origem à Asaas. 

De lá para cá, começaram a adicionar novos serviços na plataforma, como conta digital, cartão pré-pago, antecipação de recebíveis e softwares de ERP e CRM. A Asaas não cobra pelos softwares: sua receita vem de uma comissão de cerca de 1% em cima do volume transacionado pelos clientes.

Segundo Piero, o produto core da empresa ainda é o software que ajuda as empresas a receber o pagamento, fazendo a cobrança preventiva. 

“Ele entende o padrão de cada comprador e permite que a gente entregue um índice de adimplência muito maior. Em canais digitais, conseguimos diminuir a inadimplência média em 50%. Quando usamos o robô de voz para fazer as ligações, diminuímos em mais 20%.”

Tipicamente, o software da Asaas começa a fazer a cobrança dos boletos cerca de 30 dias antes do vencimento.

A adição de novos produtos foi uma forma de fidelizar mais o cliente, retendo-o dentro da plataforma, diz o fundador.  

“A lógica é ajudar a receber e mandar dinheiro e a tomar crédito, colocando em cima uma camada de gestão, com ERP e CRM. Nosso objetivo é que nossos clientes não precisem mais nem de um banco e nem de softwares de gestão. Que eles encontrem tudo com a gente,” disse Piero.

Para chegar na meta de 1 milhão de clientes, Piero disse que a Asaas vem investindo pesado em mídia digital e começou mais recentemente a investir em mídia offline, dentro de uma estratégia de brand awareness. Outra estratégia é embarcar o produto em outras empresas num modelo de banking as a service

A Asaas já tem 300 empresas usando seu serviço de BaaS, principalmente empresas de tecnologia que tem alguma sinergia com o negócio. Há desde uma empresa de software para dentistas, que usa a Asaas para oferecer uma solução de cobrança para seus clientes, até um marketplace de diaristas.

No B2C, o fundador diz que a Asaas tem roubado clientes principalmente dos bancões e de bancos digitais como Inter e Nubank, que têm contas PJ. 

Segundo ele, o churn da Asaas é muito baixo, e 70% do churn é de empresas que quebraram. Os 30% restantes é de clientes que migraram a conta para os bancos como contrapartida de uma concessão de crédito que conseguiram lá.