O EBANX — que processa os pagamentos dos assinantes de serviços como Spotify, Airbnb e Alibaba — acaba de fazer a maior aquisição de sua história, fortalecendo seu ecossistema num momento em que a companhia se aproxima do IPO.
A startup de Curitiba, que se tornou um unicórnio há dois anos, está pagando US$ 229 milhões (R$ 1,3 bilhão ao câmbio de hoje) pela Remessa Online, uma fintech que ajuda pessoas físicas e PMEs a enviar e receber remessas de dinheiro do exterior.
A aquisição está sendo paga em dinheiro e ações.
Os principais acionistas da Remessa são os três fundadores — Fernando Pavani, Alexandre Liuzzi e Marcio William — além dos fundos Kaszek, Mar Ventures, Bewater Ventures e de Kevin Efrusy, um dos primeiros investidores do Facebook.
Após a transação, os fundadores vão ficar à frente da nova vertical de remessas do EBANX, “bem incentivados e alinhados com ações da companhia,” disse o CEO João Del Valle, que co-fundou o EBANX em 2012 com seus sócios Alphonse Voigt e Wagner Ruiz.
Seis meses atrás, o EBANX levantou US$ 430 milhões com a Advent. Só este ano, a startup já adquiriu a Juno, que processa pagamentos de ecommerce, e uma participação de 30% no Banco Topázio, reduzindo sua dependência de outras instituições financeiras.
O EBANX gera caixa e, mesmo após as três transações, continua com uma estrutura de capital “muito confortável” e planeja mais M&As, o CEO disse ao Brazil Journal.
A transação adiciona R$ 10 bilhões aos US$ 7 bilhões de pagamentos (TPV) que o EBANX esperava processar este ano.
Até agora, a startup processava só pagamentos cross border – quando uma empresa do exterior precisa receber por um serviço ou produto vendido no Brasil – além de ter uma solução de pagamentos locais, o EBANX Pay. Mas o objetivo “é nos tornarmos uma ‘FX power house’ com uma oferta completa: cross-border payments, pagamentos online e remessas,” disse João. “Dentro dessa visão, a Remessa Online era um fit perfeito.”
Fundada em 2014, a Remessa é uma das maiores empresas desse mercado no Brasil, competindo com gigantes como a Wise (antiga TransferWise). Segundo Alexandre, a Remessa já processa mais de um terço de todas as remessas de pessoas físicas enviadas ao exterior. Há dois anos, ela entrou também em PMEs, um mercado ainda dominado pelos grandes bancos.
A transação gera duas sinergias principais. A primeira é o cross sell: o EBANX poderá oferecer as soluções da Remessa para seus clientes PMEs, e vice-versa.
A segunda é na integração com grandes clientes. Hoje, a Remessa atende vários produtores de conteúdo e freelancers que recebem pagamentos em dólar de empresas globais.
“Hoje atendemos cada uma dessas pessoas individualmente. Cada pagamento, ele está fechando um câmbio com a gente,” disse Alexandre, o cofundador da Remessa. “Agora, podemos nos integrar a essas empresas e fazer esses pagamentos de forma mais automatizada e em escala, facilitando a vida. Muitas dessas empresas já são clientes do EBANX, que tem muita expertise nessas integrações.”
Com a aquisição, um dos prováveis movimentos será levar a Remessa para o exterior, começando pela América Latina.
“É um passo natural,” disse João. “O EBANX já tem 40% da receita vindo de fora do Brasil, de países como México, Colômbia, Argentina e Chile. Faz todo sentido fazer o mesmo para eles.”
A aquisição vem num momento em que o EBANX se prepara para abrir o capital na Nasdaq. Há dois meses, a fintech fez um filling confidencial na SEC para um IPO que pode avaliá-la em mais de US$ 10 bilhões, segundo a Bloomberg.
ARQUIVO BJ
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