A G5 Partners — dona de um dos maiores multifamily offices do Brasil — está fazendo mudanças internas em sua governança, realinhando os incentivos da equipe e tentando se forjar como um consolidador no mercado de gestão de fortunas.
Como parte das mudanças, Corrado Varoli — o veterano banqueiro da Goldman que cofundou a G5 16 anos atrás — está deixando as atribuições do dia-a-dia para liderar um conselho consultivo que está sendo constituído e incluirá membros de fora da firma, bem como cedendo parte de seu equity a sócios minoritários.
Renato Klarnet e Marcelo Lajchter, os outros dois cofundadores, passam a ser co-CEOs da empresa, que hoje tem cerca de 100 executivos, 26 dos quais são sócios.
As mudanças vêm num momento em que o business de gestão de fortunas aumentou sua representatividade na receita total da G5, que deve faturar R$ 200 milhões este ano dependendo do que acontecer no negócio de IB, tipicamente mais volátil.
A G5 hoje aloca mais de R$ 30 bilhões de empresários e famílias líquidas, o que faz dela um dos maiores MFOs independentes do País numa lista que inclui nomes como a Julius Baer, Turim e Pragma.
No ano passado, pela primeira vez o negócio de gestão de fortunas passou a ser a maior receita da companhia, depois de 15 anos de dominância do investment banking. O MFO cresceu 30% ao ano nos últimos 5 anos – mais rápido do que os 21% de crescimento da receita da empresa consolidada.
E enquanto por muito tempo a G5 teve apenas duas verticais de negócio, nos últimos anos a empresa montou uma área de crédito, outra de estruturação e distribuição de dívida (DCM), e comprou uma participação minoritária na G5 Venture Capital, que faz investimentos em tecnologia.
No final de 2020, como agora, Corrado já havia concordado em ceder algum equity para abrir espaço para outros sócios cujo trabalho tem sido relevante para o crescimento da companhia, mas o banqueiro, um dos mais experientes em atividade na Faria Lima, não tem planos de se aposentar, segundo uma família com trânsito junto à G5.
Entre outras transações icônicas, Corrado assessorou os credores da Oi durante a RJ da empresa, a família Marinho na venda da São Marcos, a American Express na venda de seus ativos brasileiros para o Bradesco, a Interbrew na fusão com a Ambev, e a Telmex na aquisição da Embratel.
Na G5, seus movimentos têm permitido a ascensão de outros sócios. No MFO, a lista é encabeçada por André Benchimol, o responsável pela área comercial e único membro do comitê executivo junto com Corrado, Marcelo e Renato; Renan Rego, que deve substituir Renato como CIO; Eduardo Weiskopf, o head de risco e middle office; e Roberto Freitas, responsável pelo wealth planning e também o general counsel da G5.
No lado do IB, sócios como Levindo Santos, Rodrigo Fraga e Daniel Lombardi, que se envolvem tanto com o M&A quanto com reestruturação, também têm ganhado relevância.
Em boa parte, essa mobilidade também tem sido possível porque seis anos atrás os sócios conseguiram recomprar os 50% da firma que haviam vendido à Evercore, de Roger Altman, o banqueiro que fez carreira na Lehman, Blackstone e no Tesouro dos EUA.
O divórcio permitiu o florescimento do negócio de MFO: desde então, a G5 multiplicou por três e dobrou seu headcount.
Segundo pessoas com trânsito na G5, a meta dos fundadores é preencher o conselho consultivo com pelo menos dois executivos de fora da empresa e competências complementares.
O conselho vai se debruçar sobre temas que devem impactar o futuro do negócio de gestão de fortunas, como a inteligência artificial, e uma agenda de crescimento inorgânico.