A Arezzo&Co acaba de adquirir a Vicenza, uma fabricante de sapatos fundada há 30 anos e cuja marca tem um posicionamento complementar ao da Schutz e da Alexandre Birman.

A Arezzo&Co está pagando R$ 173 milhões pela marca, que faturou R$ 80 milhões no ano passado com uma margem EBITDA superior a 20%. 

A transação marca o primeiro M&A da Arezzo&Co em calçados depois de diversas aquisições nos últimos anos no segmento de vestuário (da moda masculina à feminina, passando pelo streetwear). 

10577926 29D4 4D56 9302 81F8D9511355O preço implica um múltiplo de 8,7x o EBITDA estimado para este ano – comparado aos 12x em que a Arezzo negocia – e 5x o EBITDA 2024.

A aquisição será paga 60% em dinheiro e o restante em ações da Arezzo, com um lockup de quatro anos. 

O CEO Alexandre Birman disse ao Brazil Journal que foram mais de dois anos de conversas até a assinatura, e que a escolha da Vicenza foi cirúrgica. “Ela é a única marca independente desse setor com valor agregado, produtos de qualidade e fundadores que são sapateiros,” disse ele.

A Vicenza nasceu em Igrejinha, na região metropolitana de Porto Alegre, fundada por Ariovaldo Furlanetto, um estilista de sapatos que começou produzindo apenas para terceiros num modelo white label. Dez anos atrás, Furlanetto resolveu colocar seu estilo no produto, e criou uma marca própria.

Ainda que a Vicenza tenha um posicionamento de preço semelhante ao da Schutz, atendendo as classes A e B, o público alvo das duas marcas é bem diferente.

Rafaela furlanetto“A Vicenza é uma marca para a mulher jovem. Mais despojada e divertida em relação às outras marcas da Arezzo. É um produto muito autêntico com design autoral,” disse Rafaela Furlanetto, a filha do fundador e diretora criativa que trabalha na empresa desde os 17 anos.

Birman fez uma comparação com a Prada e a Miu Miu, guardando as devidas proporções. “As duas são do mesmo grupo, mas têm perfis bem diferentes. A Miu Miu é mais jovem, descontraída e com um marketing totalmente diferente.”

Ele disse que vê sinergias relevantes, já que a Vicenza hoje é vendida em apenas 700 lojas multimarcas, com uma sobreposição com a Arezzo&Co de apenas 115 lojas. A ideia da companhia é usar sua capilaridade (mais de 1.600 multimarcas) para levar a Vicenza a pelo menos 1.000 delas.

Além disso, “vamos abrir lojas flagships em shoppings onde não tem lojas multimarcas, e criar novas linhas de produtos, como bolsas,” disse Birman. 

A Arezzo&Co também pretende turbinar o ecommerce da Vicenza, “que ainda é super caseiro, simples.” Hoje a oferta de produtos é restrita, e a expedição é feita da fábrica, o que faz as entregas para São Paulo levarem cerca de cinco dias. “Vamos agregar nossa plataforma de ecommerce e toda a parte logística.”

Com essas medidas, a expectativa da Arezzo&Co é que a Vicenza aumente seu faturamento em 50% este ano e 60% em 2024, chegando perto de R$ 200 milhões. Para 2025, a expectativa é que a marca fature R$ 300 milhões. 

“A partir daí vai ser um crescimento mais orgânico, um pouco menos acelerado,” disse Birman.