A Ânima acaba de aumentar em 52% sua estimativa de sinergias após a incorporação da Laureate Brasil, e disse que ainda não mapeou todos os ganhos da aquisição.
Ao mesmo tempo, a companhia publicou os resultados de seu primeiro trimestre, com ganhos de receita, EBITDA e captação de alunos — apesar do atraso nos resultados do ENEM que adiaram matrículas e prejudicaram o setor.
A receita da Ânima subiu 22,8% no trimestre, o EBITDA ajustado, 23,8%, e o lucro líquido, 28,5%. A companhia aumentou sua base de alunos em 11,3% e o tíquete médio em 12,1%.
A Ânima adiou o deadline de seu processo seletivo para 30 de abril, para acomodar alunos que ainda não haviam recebido as notas do ENEM — o exame que é a porta de entrada para o ProUni e para universidades públicas.
Na aquisição da Laureate Brasil, aprovada ontem pelo CADE, a companhia havia dito ao mercado que as sinergias (envolvendo ganhos de eficiência, otimização e maturação dos ativos de medicina) ficariam na casa dos R$ 230 milhões por ano ao final de cinco anos.
Agora, o CEO Marcelo Battistella Bueno reviu o número para R$ 350 milhões e disse que ainda não quantificou ganhos adicionais que podem vir com uma melhor estratégia de precificação na Laurete e com a expansão de seu EAD para um modelo híbrido.
A compra da Laureate é transformacional para a Ânima: dobra sua receita e seu EBITDA, mais que dobra sua base de alunos e robustece sua plataforma de medicina, que a companhia pode eventualmente listar separadamente.
A Ânima trabalhou com a McKinsey para preparar a integração das companhias e com a Heidrick & Struggles para mapear as 90 principais lideranças, que serão anunciadas nesta sexta-feira.
Incluindo as sinergias, o EBITDA da nova companhia chegaria a R$ 1,25 bilhão.
O chairman Daniel Castanho disse que enxerga uma enorme oportunidade de redesenhar o modelo de educação digital.
“Não importa se a aula é presencial ou à distância; o que importa é se o ensino é síncrono e assíncrono [ao vivo e gravado]. O futuro da universidade é se tornar uma grande biblioteca de conteúdos digitais, permitindo ao aluno ter uma postura ativa em vez de passiva”, disse Castanho. “A maioria das universidades ainda não está lá. Tem muita gente digitalizando o antigo em vez de criar o novo.”
Os resultados do primeiro trimestre devem surpreender o mercado e vêm num momento em que a pandemia colocou a vida das universidades de pernas para o ar.
Com um modelo de educação híbrida e uma visão estratégica que já apontava para a omnicanalidade, a Ânima conseguiu mandar os alunos para casa e migrar as aulas para o online mais rápido do que a maioria das empresas — ganhando mercado durante a pandemia.
