A Americanas acaba de anunciar que trocou seu comando — com Fernando Soares, o atual COO da companhia, substituindo Leonardo Coelho como CEO. 

A mudança, que passa a valer em outubro, marca um novo momento da companhia, Coelho disse ao Brazil Journal

“As minhas habilidades foram importantes para trazer a Americanas até aqui, mas não são tão importantes para levar ela para onde ela precisar ir,” disse o executivo, um ex-Alvarez & Marsal. “As habilidades do Fernando são mais talhadas para esse novo momento.”

Segundo ele, a Americanas já está deixando o modo de reestruturação para trás para entrar numa fase de projetos estruturantes.

Na fase anterior, o set de skills necessário era o de gestão de crise, reestruturação financeira e otimização de despesas, disse ele. “Agora, o que precisamos é de habilidades comerciais, de operações e de marketing — e o Fernando traz isso.” 

O antigo CEO assumiu o cargo em 2023, no olho do furacão das investigações das fraudes contábeis encontradas na Americanas e em meio ao processo de recuperação judicial. Já Fernando, que fez carreira na Domino’s e Ambev antes, veio um ano depois, quando parte da sangria já estava estancada. 

Coelho ainda vai continuar na companhia como membro do comitê financeiro, que se reporta ao conselho da empresa. 

Coelho disse que mais de 95% da reestruturação da companhia já foi concluída. As investigações terminaram; o plano de recuperação judicial foi aprovado pelos credores e implementado; e a estrutura de capital já foi arrumada. 

A dívida, que era de R$ 42 bilhões, foi reduzida para R$ 1,8 bi depois de um aporte de capital de R$ 12 bilhões dos acionistas de referência; da conversão da dívida dos bancos em equity, em mais R$ 12 bi; e do pagamento das dívidas dos fornecedores, parte delas com um haircut

O operacional também tem dado sinais de melhora: a companhia voltou ao breakeven (o EBITDA foi de R$ 42 milhões no segundo tri) e tem planos de chegar a um EBITDA de R$ 1,5 bi no médio prazo.

Desde a entrada de Coelho, foram fechadas 220 lojas deficitárias e outras 20 passaram por uma redução da área de vendas, o que levou a um incremento da receita, segundo o executivo. O sortimento das lojas também foi redesenhado, com a companhia passando a focar em produtos exclusivos. (Na Páscoa deste ano, por exemplo, mais de 80% dos itens vendidos não eram encontrados em nenhum outro lugar). 

Para frente, Fernando terá o desafio de intensificar essa agenda de melhorias operacionais, além de buscar outras linhas de receita. Segundo ele, a companhia dividiu seus planos em três grandes blocos. 

“O primeiro, que é o das melhorias do nosso negócio principal, já foi uns 95% concluído e foi o que permitiu que a gente chegasse na estabilidade do EBITDA,” disse Fernando. 

“O segundo, que já começamos a trabalhar e está uns 40% concluído, é o das adjacências do negócio principal, como a retomada do nosso cartão de crédito e do programa de fidelidade. Esse segundo bloco é o que vai levar a gente a um EBITDA suficiente para aplicar em capex e pagar o serviço da dívida, mas ainda sem gerar resultado para o acionista.”

Já o terceiro bloco é o que a companhia chama de “além do negócio principal” — basicamente buscar novos formatos de negócios que possam gerar vendas adicionais; investir em inteligência artificial; e avaliar ativos que podem ser vendidos e comprados. “Essa é a camada que vai levar a gente para o EBITDA de R$ 1,5 bi,” disse o novo CEO. 

Antes da Americanas, Fernando foi o CEO da Domino’s Brasil por quatro anos, depois de ter passado duas décadas na Ambev — primeiro como presidente da divisão de refrigerantes do Brasil e depois como vp comercial na Colômbia, Peru, Equador e México.