A Americanas apresentou hoje uma nova proposta aos credores que aumentaria em R$ 4 bilhões a capitalização na companhia, reduzindo sua alavancagem quando a empresa emergir da recuperação judicial.
Pela proposta, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles vão aumentar a injeção de capital imediata que será feita na companhia de R$ 10 bilhões para R$ 12 bilhões, enquanto os bancos aumentariam – também de R$ 10 bi para R$ 12 bi – a dívida que será convertida em equity.
Os termos foram apresentados hoje numa reunião entre a companhia, Roberto Thomson (representante dos acionistas de referência) e CEOs dos bancos credores.
Os R$ 2 bilhões adicionais do trio já estavam previstos na proposta anterior, mas seriam desembolsados no início de 2027 e no início de 2028 (R$ 1 bi em cada período), dependendo da liquidez e alavancagem medidos nos balanços do ano anterior.
Com este capital adicional, nos termos da proposta apresentada hoje, a Americanas sairia da recuperação judicial com uma dívida bruta de apenas R$ 1,875 bilhão.
Hoje, a companhia tem uma dívida bruta de R$ 42,3 bilhões, dos quais R$ 5,5 bilhões são de fornecedores, R$ 1,6 bi de caixa referente a litígios retidos, e R$ 35 bilhões de dívida bancária.
Depois da conversão de R$ 12 bi dos bancos, a dívida bancária cai para R$ 23 bilhões.
Em seguida, o plano prevê que a companhia usará R$ 2 bilhões para amortizar a dívida por meio de um leilão reverso, com um desconto mínimo de 70%. (Considerando este desconto, esses R$ 2 bilhões permitiriam amortizar R$ 6,7 bilhões, reduzindo a dívida para R$ 16,5 bilhões).
No passo seguinte, uma parte da dívida será refinanciada em uma dívida nova, com prazo de cinco anos e carência de juros de dois, no total de R$ 1,875 bilhão – esta passaria a ser a única dívida da companhia depois da RJ.
A dívida bancária restante – agora em R$ 14,6 bilhões – teria um downpayment de R$ 6,7 bilhões; o saldo da dívida desaparece por ser o haircut dos bancos.
A proposta mostra um avanço nas negociações, e a empresa trabalha para que o plano seja apresentado e votado antes do fim do ano, disseram duas pessoas a par do assunto.
Mas os credores só poderão se comprometer com o plano depois que a companhia republicar os balanços auditados de 2021 e 2022, que estão sendo refeitos pela BDO e devem ser apresentados dia 31.
Segundo uma fonte próxima à empresa, a Americanas está estudando apresentar, junto com esses balanços, um planejamento estratégico para os próximos anos, com algum tipo de guidance de EBITDA.
A companhia está trabalhando para apresentar, até o final do ano, os balanços dos três primeiros trimestres deste ano.