A Ambipar levantou US$ 750 milhões em sua emissão de green bonds, na maior operação deste tipo feita por uma empresa brasileira até hoje.

A transação foi precificada na semana passada e encontrou um book de ordens robusto, de mais de US$ 1,8 bilhão.

Inicialmente, a ideia era levantar US$ 500 milhões, mas como a demanda foi de 3,5x o montante inicial a uma taxa de 10%, a Ambipar decidiu reduzir pouco a taxa e aumentar o volume.

No final, a operação foi precificada a um yield de 9,875%. O bond tem vencimento em 7 anos.

Até agora, a maior emissão de green bond feita por uma empresa brasileira havia sido a da Fibria, que levantou US$ 700 milhões com esse tipo de título em 2017. A terceira maior é a da FS — uma empresa de biocombustível de etanol de milho — que levantou US$ 550 milhões em 2020. Entre os emissores financeiros, a maior emissão foi do BNDES, quando o banco levantou US$ 1 bilhão em 2017.

Já houve emissões maiores dos chamados sustainability-linked bonds, cujos emissores se comprometem com metas de redução de carbono.

Os green bonds, por sua vez, exigem que os recursos sejam investidos em projetos ligados à sustentabilidade. “Não é qualquer empresa brasileira que consegue ter um lastro de US$ 750 milhões para projetos verdes,” disse uma fonte que participou da operação.

A Ambipar disse que vai usar os recursos para pré-pagar cinco debêntures com vencimentos entre 2024 e 2028, aumentando o duration médio de sua dívida de 3,5 anos para 5 anos.

Apesar dos recursos serem usados para pré-pagar dívidas, a Ambipar está se comprometendo a alocar o mesmo montante em projetos ESG dentro de sua estratégia de crescimento, o que permite classificar a dívida como um green bond.

A companhia não divulgou, no entanto, quais serão esses projetos.

O roadshow da oferta durou seis dias, com a Ambipar visitando mais 200 investidores em Londres, Boston e Nova York. Depois das visitas e dos feedbacks, os coordenadores — Bank of America, Morgan Stanley, BTG Pactual e Itaú BBA — lançaram a oferta com um inicial price talk de 10%.

Naquela taxa, a demanda foi de US$ 1,8 bi, ou 3,5x o montante inicial. Com isso, a empresa optou por reduzir um pouco o yield, para 9,875%, e aumentar o volume. A taxa final foi maior do que a de uma nova emissão da FS, precificada um dia antes, com a companhia levantando US$ 500 milhões para reperfilamento da dívida.

O pipeline de green bonds de empresas brasileiras deve esfriar nas próximas semanas, já que a janela de emissões com os números do terceiro tri fecha em dois dias.

A partir de então, as empresas só vão poder captar depois de divulgarem seus números do quarto tri, o que deve ocorrer entre o final deste mês e o começo de março.