A Alura — a plataforma de aulas de programação online — está se fundindo com a FIAP, uma faculdade voltada a graduação e pós-graduação em tecnologia com três campi em São Paulo.
A transação – transformacional por permitir à Alura entrar no mercado de ensino superior e dobrar seu faturamento para R$ 420 milhões este ano – é a maior da história da companhia, fundada em 2004 pelos irmãos Paulo e Guilherme Silveira.
De lá para cá, a plataforma levantou capital com fundos como a Crescera e a Seek, e fez alguns pequenos M&As, incluindo a compra da PM3 ano passado.
O movimento acelera um plano que a Alura começou a desenhar em meados do ano passado, quando ela entrou com um pedido no MEC para obter uma licença de faculdade.
“Sempre quisemos entrar em graduação e um dos caminhos que os investidores nos provocavam era fazer uma aquisição majoritária de quem tivesse o melhor produto e posicionamento,” Paulo disse ao Brazil Journal.
“Essa transação posiciona a gente na vida inteira do profissional de tecnologia e nos torna um player de verdade de lifelong learning.”
A FIAP foi fundada pela família Gennari há 20 anos e nasceu como uma escola técnica. Hoje, ela tem três campi (Paulista, Vila Olímpia e Vila Mariana) e mais de 10.000 alunos em 16 graduações diferentes — que vão de cibersegurança a inteligência artificial, de sistemas de informação a desenvolvimento de software.
A universidade tem um posicionamento de preço premium, com foco no topo da pirâmide. Ainda assim, tem conseguido crescer volume: no processo seletivo de julho, ela teve um aumento de 70% no número de matrículas na comparação com um ano antes.
A venda da FIAP foi feita num processo competitivo coordenado pelo Itaú BBA — e que contou com a participação de grandes players estratégicos, segundo a empresa.
A Alura foi assessorada pelo UBS BB.
Gustavo Gennari, o CEO e fundador da FIAP, disse que enxerga uma complementaridade enorme entre as duas empresas — já que a FIAP atua no mercado regulado, e a Alura, com cursos livres.
Uma das ideias das duas companhias é trabalhar em conjunto na criação de novos cursos de graduação EAD, que hoje já respondem por pouco menos da metade dos alunos da FIAP.
“Vamos lançar produtos cobranded juntando o melhor das duas empresas,” disse Paulo.
As duas empresas não abrem o valor nem os detalhes da transação, mas Gustavo disse que continua com “uma parcela significativa do negócio e como CEO da FIAP, que vai ser tocada de forma independente.”
A transação vem num momento em que o mercado de graduação em tecnologia está aquecido, e ficando cada vez mais competitivo.
O Insper recentemente lançou sua graduação em ciência da computação e, no ano passado, a família de André Esteves criou a Inteli, com a ambição de se assemelhar ao MIT.