A Alpargatas nomeou Luiz Fernando Edmond e Roberto Funari para o seu board, adicionando dois nomes com vasta experiência internacional no momento em que os novos controladores se preparam para turbinar a presença global das Havaianas.
Edmond, um veterano da Ambev e ex-CEO da companhia brasileira, deixou a Anheuser-Busch Inbev (ABI) no final de 2016 depois de 26 anos com o grupo. Edmond fez parte da primeira turma de trainees da Brahma (quando Marcel Telles era o CEO), foi o primeiro CEO da ABI, e estava como ‘chief sales officer’ desde janeiro de 2015.
Funari fez quase toda sua carreira na Reckitt Benckiser, a multinacional anglo-holandesa que fabrica produtos de higiene, saúde e limpeza de casa como Vanish, Harpic, Veet, SBP e Poliflor. Foi vice-presidente executivo da companhia para a América Latina, Ásia e Pacífico, e ocupou cargos executivos na Holanda, África e Europa central.
Ano passado, Funari foi um dos candidatos a CEO da BRF, mas perdeu o cargo quando o Abilio Diniz deu seu voto de Minerva como chairman da companhia. Abilio achava que, por operar com marcas locais, a BRF precisava de um CEO que morasse no Brasil.
Funari mora em Londres; Edmond, em St. Louis, sede da ABI.
Os dois nomes devem ser aprovados na assembleia de acionistas marcada para o dia 27.
A dupla fará parte da chapa única que inclui os representantes dos acionistas controladores Cambuhy e Itaúsa: Alfredo Egydio Setubal, Marcelo Medeiros, Pedro Moreira Salles (chairman), Rodolfo Villela Marino e Silvio Tini, acionista histórico da companhia.
Além das nomeações para o conselho, a Alpargatas está tomando outras medidas para robustecer sua estratégia global. Em novembro, o CEO Marcio Utsch atraiu de volta à companhia Eno Polo, o executivo que implementou a Alpargatas na Europa, para comandar a operação nos EUA.
Eno, que começou sua carreira na Nike, onde trabalhou 13 anos, fez das Havaianas a marca de sandálias No. 1 da Europa. “Ele acertou o posicionamento da marca, a distribuição, o go-to-market, tudo,” diz uma fonte da companhia.
Agora, a expectativa é que Eno consiga replicar o sucesso nos EUA, onde a Havaianas nunca conseguiu decolar.
Em janeiro desse ano, em entrevista à Footwear News, Eno falou sobre o mercado norte-americano.
“A boa notícia é que é um país só. É muito complexo trabalhar na Europa: você tem a barreira do idioma e a maioria dos clientes não atravessam fronteiras, então você tem que administrar cada país individualmente. A beleza dos EUA é que você poder vender para uma varejista como a Nordstrom, e ela cobre o país.”
Eno disse que o plano é abrir um escritório na Costa Oeste em meados deste ano. “Começaremos com uma estrutura de escritórios nas duas costas. Também podemos abrir um escritório na Flórida. Essa é a estratégia que eu usei na Europa. Abri um escritório regional em Madri, mas tínhamos showrooms em Londres, Paris, Itália, Portugal e até na Alemanha. Esse país [EUA] é grande; se você quiser estar perto dos clientes, você tem que ir e marcar presença.”
Na foto acima, Eno Polo.