O temor dos acionistas da América Latina Logística (ALL) de serem diluídos num grande aumento de capital vai acabar descarilhando.
Os fundos de pensão e a Cosan, que está entrando no bloco de controle da ferrovia, concordaram com uma limitação a respeito de futuros aumentos de capital na ALL.
As partes concordaram que, por pelo menos 18 meses, não poderá haver aumento de capital na “nova ALL” a um preço abaixo do equivalente ao que a Cosan está pagando pela ALL: R$10,18 por ação.
Com as ações da ALL negociando a cerca de R$ 8, isso significa que um aumento de capital só poderá ser feito a níveis cerca de 25% acima dos quais a ALL negocia hoje.
Depois de dois anos de negociação, o conselho da ALL aprovou ontem o acordo pelo qual a Rumo Logística, subsidiária da Cosan, incorpora a ALL. O acordo segue agora para aprovação dos acionistas e a análise do CADE.
Apesar de a Cosan ter dito numa conferência com investidores que não tem planos de aumentar o capital da ALL, muitos investidores hoje assumem que a ferrovia precisará de um aumento de capital para fazer frente a grandes investimentos.
Não há, no entanto, visibilidade sobre o tamanho dos investimentos necessários, até porque eles devem depender também das negociações para a renovação da concessão da ALL, que vence em 2028. Um gestor de fundos que tem Cosan na carteira (mas não ALL) estima, por exemplo, que a ALL deve ter que fazer investimentos de R$ 8 bilhões nos primeiros cinco anos.
A pergunta é: o balanço da ALL consegue dar conta dos investimentos usando apenas dívida, sem mais capital próprio?
Há cada vez mais indicações de que sim. Em primeiro lugar, a maior parte dos investimentos deverá ser financiada pelo BNDES, que também é acionista da empresa. No banco, comenta-se que já existe uma linha de até R$ 5 bilhões a um custo atraente para a “nova ALL” financiar o investimento.
Além disso, a geração de caixa da própria Rumo vai ajudar a ALL a suportar essa dívida adicional (e mais barata). “A Rumo hoje não tem dívida líquida e deve gerar um lucro (depois de amortizações e depreciação) de uns R$ 400 milhões em 2015”, diz um investidor na ALL. “Depois de pagar os impostos, isso cai para uns R$ 300 milhões. Isso aí é geração de caixa na veia da ALL”.
Por fim, não está claro se a Cosan, comandada por Rubens Ometto Silveira Mello, deseja aumentar sua participação na ALL para além do que está comprando agora. Investidores que conversaram com a Cosan recentemente dizem que, se houver necessidade de um aumento de capital mais à frente, ele provavelmente será feito num preço acima do que a Cosan pagou, e com a atração de um sócio financeiro.