O JP Morgan rebaixou a Americanas para “venda”, citando uma alavancagem que se aproxima de 6x EBITDA e a perspectiva de prejuízo ainda em 2023. 

O JP é o primeiro grande banco a colocar um “sell” na companhia. Dos bancos e corretoras que cobrem a empresa, oito tem recomendação de compra e cinco recomendação neutra. 

“Apesar de vermos potencial para melhorias nas tendências operacionais — projetamos uma margem EBITDA de longo prazo de 18% — a alta alavancagem financeira vai consumir o fluxo de caixa livre do acionistas até 2026 e permitir o breakeven do lucro líquido apenas em 2024,” escreveram os analistas Joseph Giordano, Nicolas Larrain e Guilherme Vilela. 

Segundo eles, as altas despesas financeiras vão impactar o resultado mesmo com a taxa de juros começando a cair, já que a companhia precisará reforçar seu capital de giro com a antecipação de recebíveis. 

Para o JP, a Americanas terá que rebalancear sua estrutura de capital – leia-se, uma nova oferta de ações – especialmente dado que as lojas físicas, normalmente a principal fonte de fluxo de caixa, estão vendo “um declínio nas tendências de produtividade das vendas com performances erráticas das novas unidades.”

Dois anos atrás, logo após o aumento de capital que precedeu a fusão da Lojas Americanas e B2W, a alavancagem pro forma da companhia era de apenas 1,5x. De lá para cá, a empresa queimou os R$ 9 bi que levantou na oferta, entre consumo de caixa operacional e aquisições.

O JP revisou seu preço-alvo para R$ 12,50 por ação – que hoje negocia pouco acima de R$ 14 – um downside potencial de 20% em relação aos níveis atuais. O papel cai 6% na manhã de hoje, depois do downgrade, e já estava sob pressão nas últimas semanas. O novo CEO da empresa,  Sergio Rial, assume o cargo em janeiro.

O banco disse ainda que vê um risco adicional de revisões do consenso para o lucro líquido da companhia. Hoje, o consenso é um lucro de R$ 162 milhões em 2023, mas o JP projeta um prejuízo de R$ 160 milhões. 

A empresa reporta seu terceiro tri amanhã.

A companhia vale R$ 13 bi na B3.