A Aegea venceu hoje três blocos do leilão para prover os serviços de água e esgoto em 99 cidades do Pará, incluindo Belém, que devem somar R$ 15,2 bilhões em investimentos em 40 anos – sendo R$ 6 bilhões até 2030.
O leilão promovido pelo Governo do Estado foi dividido em quatro blocos. O único que não teve propostas foi o bloco C, que reúne 27 cidades, entre elas Santarém.
A Aegea ofereceu R$ 1,168 bilhão pelo bloco A, considerado o mais rentável por atender cidades como Belém e Ananindeua, um ágio de 12% sobre a outorga mínima.
A companhia foi a única interessada na área, que atende 2,4 milhões de pessoas, um terço da população do estado.
No bloco B, que compreende outros 50 municípios, a Aegea ofereceu R$ 140,9 milhões, um ágio de 650% em relação ao valor mínimo. Neste caso, a ServPred, que já atua na região, fez uma proposta de R$ 30 milhões.
Por último, a Aegea fez um lance de R$ 117,8 milhões pelo bloco D, 250% a mais do que o valor previsto no edital. Neste caso, houve dois concorrentes: o Consórcio Eldorado Saneamento, que propôs R$ 48,2 milhões, e a Azevedo e Travassos, que ofereceu R$ 62,4 milhões.
O CFO André Pires disse ao Brazil Journal que o Pará é estratégico para a empresa e que o investimento “está alinhado à visão de qualidade de vida para a população e tem um modelo bem equilibrado de equação de capital”.
Segundo o executivo, o investimento não terá grandes impactos no processo de desalavancagem da empresa, em especial devido ao aumento de capital realizado no fim do mês passado, quando a Equipav, a Itaúsa e o GIC aportaram R$ 420 milhões na companhia.
A Aegea fechou 2024 com uma alavancagem de 4,3x, um aumento de 0,6x em relação ao ano anterior. Segundo Pires, a meta da empresa é ficar abaixo de 4x este ano e reduzir para 3,5x até o fim de 2026.
O Pará é um dos estados com os piores índices de saneamento básico do País. Em Belém, por exemplo, a cobertura de coleta e tratamento de esgoto não passa de 15%.
Ao vencer o leilão, a Aegea se comprometeu a alcançar 99% de abastecimento de água nos três blocos até 2033, além de chegar a 90% de tratamento de esgoto no bloco A.
Com a vitória de hoje, a companhia, que já atende as cidades de Barcarena e Novo Progresso no estado, passa a atender 865 municípios em todo o Brasil, cobrindo 38 milhões de pessoas.
Segundo Pires, a Aegea segue de olho nos outros certames previstos para os próximos meses – como Amapá, Pernambuco e Rondônia – mas com disciplina para não comprometer seu processo de desalavancagem.
O executivo disse que a empresa sempre vai buscar novas maneiras de se financiar antes de se comprometer em novos ativos. Uma das opções são os bancos de fomento, como o BNDES e o BID.
Outra opção que está na mesa é o IPO, mas Pires disse que a empresa ainda espera melhores condições de mercado.
