Rodrigo Tannuri — um sócio do Sérgio Bermudes Advogados em São Paulo — está deixando o escritório carioca depois de 25 anos para fundar uma nova firma de contencioso.
Tannuri fez o anúncio de sua saída ontem à noite, tanto internamente quanto para clientes.
O advogado entrou no Bermudes em 1998 ainda como estagiário, e ficou no escritório do Rio de Janeiro até 2011, quando se mudou para São Paulo para assumir como principal sócio do escritório local.
No Bermudes, Tannuri atendeu alguns casos emblemáticos de disputas empresariais dos últimos anos.
Foi ele, por exemplo, que defendeu a General Atlantic no processo movido pela KKR envolvendo a Aceco TI. A KKR comprou a empresa de data centers da GA e da família fundadora em 2014, pagando R$ 1,5 bilhão pelo negócio. Alguns anos depois, no entanto, ela tentou desfazer o negócio alegando ter encontrado fraudes contábeis e casos de corrupção na empresa. A GA prevaleceu na Justiça.
Tannuri também atuou no processo de fusão da Omega Desenvolvimento com a Omega Geração que deu origem à Omega Energia, e na arbitragem entre a Petrobras e a Kerui Método envolvendo o Comperj.
Entre outros casos, Tannuri hoje representa o Morgan Stanley na negociação das dívidas da Unigel e defende a PwC no processo envolvendo a fraude contábil da Americanas.
A saída de Tannuri vem num momento em que a sucessão no Bermudes é uma incógnita no mercado. O escritório — que sempre foi muito centrado na figura de seu fundador — sofreu depois que Sérgio foi acometido por covid em 2021 e passou meses em coma.
“Com 76 anos, a grande dúvida é quem vai ser o sucessor dele,” disse uma fonte. “Ele não é um escritório tão coeso. Tem micro áreas de influência que não conversam tanto entre si. São áreas mais independentes debaixo de uma bandeira famosa.”
No passado, o Bermudes já deu origem a outros escritórios que ganharam renome. O Ferro, Castro Neves, Daltro e Gomide nasceu de advogados que vieram de lá, assim como o Tepedino, Berezowski e Poppa.
Segundo uma fonte próxima a Tannuri, a decisão de criar um novo escritório do zero teve a ver com a dificuldade que ele tinha para assumir alguns casos, dado os diversos conflitos de interesse que existiam dentro de um escritório do porte do Bermudes.
“A cada cinco clientes que procuravam ele, três ele não podia atender porque tinha algum conflito com algum outro cliente que o escritório já atendia,” disse a fonte.
Recentemente, por exemplo, ele não pode defender a XP no processo contra o BTG justamente por esse motivo.
Tannuri está levando 2 advogados do Bermudes, além de uma carteira de clientes que inclui a XP, Omega Energia, Arco Educação e a General Atlantic.
O Tannuri Advogados começa a operar nas próximas semanas e terá sede no Itaim. A ideia é chegar a 10 advogados nos próximos meses. (Como a saída do Bermudes foi amigável, Tannuri não terá que cumprir um non-compete).
Tannuri disse a um cliente que quer criar um escritório de contencioso “boutique e sofisticado”, que se espelhe na qualidade de um Wachtell, Lipton, Rosen & Katz, guardadas as devidas proporções.