Uma nova pílula revolucionária pode estar a caminho.
A Eli Lilly anunciou resultados positivos para sua nova droga de combate ao diabetes tipo 2 e à obesidade, o orforglipron.
O medicamento funciona de maneira similar às drogas que mimetizam o funcionamento do hormônio GLP-1, ajudando a reduzir a glicose no sangue e inibindo o apetite.
Mas há uma diferença crucial: o novo remédio da Lilly é administrado em comprimido, e não por meio de injeções – o que poderá expandir ainda mais o universo de pessoas beneficiadas.
A aplicação semanal com a agulha afasta potenciais usuários dos medicamentos de perda de peso. Outro inconveniente é que as ampolas precisam ser mantidas sob refrigeração. Sua fabricação é mais complicada e custosa do que a produção de pílulas.
Hoje esse mercado vem sendo dominado por quatro medicamentos, dois da dinamarquesa Novo Nordisk (Wegovy e Ozempic) cujo princípio ativo é a semaglutida, e dois da Eli Lilly (Zepbound e Mounjaro) que usam a tirzepatida.
O novo remédio de administração oral da Lilly entrou na rodada final de testes clínicos. Os resultados obtidos até agora mostraram que a pílula contribui para a redução de açúcar sanguíneo nos pacientes de diabetes tipo 2 e ajudou na redução de peso, de maneira similar às injeções hoje no mercado.
No teste fase 3 cujos resultados acabam de ser publicados, os pacientes perderam em média 7,9% de peso depois de 40 semanas de tratamento quando receberam a dosagem máxima.
O estudo envolveu 559 adultos em cinco países, EUA, China, Índia, México e Japão. Os participantes foram divididos em quatro grupos: o de controle recebeu um placebo, e outros três receberam três dosagens diárias, 3, 12 e 36 miligramas.
Entre os que tomaram a dosagem máxima, mais de 65% viram o nível de glicose recuar abaixo do nível que indica o diabetes.
De acordo com a Lilly, 8% desse grupo pararam o tratamento no meio por sofrer com efeitos colaterais – em geral, problemas gastrointestinais como náusea, vômito e diarreia, contratempos similares aos que ocorrem em parte dos pacientes que usam semanalmente as drogas injetáveis.
O orforglipron foi na verdade desenvolvido originalmente pela japonesa Chugai Pharmaceutical, que licenciou a droga para a Lilly em 2018.
As ações de ambas as companhias estão voando desde a semana passada.
A Chugai subiu à sua máxima histórica. Disparou 16% na sexta-feira, dia seguinte à divulgação dos resultados favoráveis, e acumula alta de 24% nos últimos cinco dias.
Os papéis da Lilly escaparam do selloff recente no mercado americano: saltaram 15% logo após a notícia, na quinta-feira, e sustentam uma alta acumulada de 10% nos últimos cinco dias.
Já as ações da Novo foram no sentido inverso: acumulam um tombo de 5,3% desde a notícia positiva para a concorrente americana. A companhia, que chegou a ser a mais valiosa da Europa, viu seu market cap recuar para US$ 290 bilhões.
A Lilly estima que pedirá a autorização para o uso contra o excesso de peso ainda este ano, e para o combate à diabetes no início do próximo ano. Há sete estudos de fase 3 sendo feitos no momento, cinco sobre tratamento de diabetes e dois focados em obesidade.
Se obtiver as aprovações da Food and Drug Administration (FDA), este será o primeiro fármaco GLP-1 por via oral disponível nas farmácias.
Umas das vantagens adicionais do orforglipron é que ele pode ser usado sem nenhuma restrição alimentar ou de bebidas. Hoje os pacientes precisam restringir o consumo de comidas gordurosas, apimentadas ou muito doces.
Segundo especialistas, a conveniência e o custo menor das pílulas vão ajudar no combate à obesidade porque a droga poderá ser receitada quando houver os primeiros sinais de excesso de peso – e a pílula poderá ter impactos positivos sobre diversas enfermidades relacionadas ao excesso de peso.
“Depois de as pessoas perderem peso, talvez com a ajuda de um remédio injetável, elas poderão usar o medicamento oral para manter a redução,” disse à Time o cientista-chefe da Lilly, Dan Skovronsky.