Quando Geraldo Melzer, Franco Zanette e Felipe Coelho deixaram a RD Station para montar um fundo de venture capital focado apenas em startups SaaS B2B, o que o trio mais escutou foi: ‘vocês são malucos’, ‘vai ser impossível captar’ e ‘não vai ter deal flow nenhum’.
As críticas até faziam sentido. “Esse mercado de SaaS era um ambiente de mata fechada e havia muitas interrogações naquela época,” Geraldo disse ao Brazil Journal.
Quatro anos depois, o jogo virou.
No ano passado, as startups de SaaS responderam por 40% de toda a alocação de capital em venture capital – R$ 9,3 bilhões – e praticamente todos os fundos de VC olham para SaaS dentro de suas teses.
A ABSeed, a gestora que o trio fundou junto com o advogado Marcelo Hoffmann, está aproveitando esse cenário positivo para crescer. A gestora acaba de levantar pouco mais de R$ 100 milhões para seu segundo fundo – depois de já ter alocado 100% do primeiro, marcado por enquanto a 2,6x o capital.
Apenas uma das saídas – a venda da Movidesk para a Zenvia – deu um retorno de 10 vezes e já permitiu devolver 110% do capital investido para os LPs.
O novo fundo da ABSeed ainda tem mais três meses para continuar captando; a capacidade máxima é de R$ 150 milhões.
Geraldo diz que sócios de cinco das dez maiores gestoras de ações do Brasil investiram no fundo, assim como Marcelo Lacerda, o empreendedor de tech que criou a Zaz e depois vendeu para a Telefônica.
O segundo fundo segue a mesma tese do primeiro: investir em startups de software que atuem no modelo B2B e que estejam num estágio bem inicial, o que permite que a ABSeed contribua com sua expertise.
“Nos primeiros seis meses do investimento, a gente tem reuniões semanais com as lideranças de várias áreas das startups, do marketing às vendas,” disse Franco. “Isso é um diferencial nosso que atrai os empreendedores.”
O segundo fundo já fez dois investimentos.
O primeiro é a SafeSpace, uma plataforma de compliance para gestão de assédio – sim, isso agora existe – que permite que o RH tenha um controle de como essas questões estão sendo tratadas dentro das equipes. A ABSeed entrou numa rodada pre-seed liderada pela Maya Capital.
O segundo é o Gendanken, um software que ajuda a cadastrar novos fornecedores nas empresas e dá uma visão mais ampla de como está o supply chain.
A ABSeed está operando num nicho que tem poucos players especializados, apesar de diversas gestoras olharem para SaaS dentro de teses mais generalistas. Além dela, há apenas a SaaSholic, que está concluindo a captação de um fundo de US$ 10 milhões.