A Atlas Governance — uma startup de software as a service (SaaS) que digitaliza os conselhos de administração — acaba de levantar R$ 5,6 milhões numa rodada que avaliou a empresa em R$ 58 milhões (post-money). 

11310 915c3b93 110a dc4b d4d1 616eca95da20O cheque veio de um grupo de investidores que inclui o CEO do McDonalds Brasil, Paulo Camargo; o ex-presidente da CVM, Leonardo Pereira; o ex-CEO da Gafisa, Wilson Amaral; além dos sócios da XP Rafael Furlanetti e Guilherme Avila. 

Fundada em 2016, a Atlas desenvolveu um software que digitaliza todos os processos relacionados aos conselhos de administração — desde o agendamento das reuniões e o envio dos materiais de estudo até as votações.

As informações ficam concentradas no aplicativo, que também permite acompanhar o desenvolvimento dos projetos aprovados nas assembleias. 

Parte da captação (R$ 1,5 milhão) foi feita por meio de venture debt como forma de reduzir a diluição dos acionistas — que ficou em 7% na rodada. O risco foi assumido pela Riza Asset.


A startup — cujo nome homenageia o livro “A Revolta de Atlas”, de Ayn Rand — já havia levantado R$ 3 milhões em outras duas captações. 

A tecnologia da Atlas diminui o risco de comprometimento de informações sensíveis e confidenciais, que fazem parte do dia a dia dos conselhos.

“A maioria dos conselhos brasileiros ainda manda o book com as informações sobre as reuniões por email ou impresso — que são formas muito inseguras de lidar com informações extremamente estratégicas,” Eduardo Carone, o fundador da Atlas, disse ao Brazil Journal. “Com a Atlas, eles só têm acesso a esse documento pelo app e temos um registro super detalhado de tudo que acontece no sistema. Se alguém fizer o download com um IP diferente do habitual, vamos receber um alerta.”

No Brasil, a Atlas tem apenas dois competidores: as americanas Diligent, avaliada em US$ 4 bilhões numa rodada recente com a Blackstone; e a Boardvantage, comprada pela Nasdaq em 2016. Ambas tem uma operação pequena no Brasil e focada nas grandes companhias listadas.  

Segundo Carone, uma das vantagens da Atlas é o preço. Enquanto as americanas cobram em torno de US$ 500/ano por cada usuário, a Atlas cobra menos de US$ 300, e faz a cobrança em reais. 

A Atlas tem mais de 200 clientes — incluindo nomes como Eletrobrás, CEMIG, Light, Hering, Iguatemi e Cyrela. A startup faturou R$ 180 mil em 2018; R$ 1,7 milhão em 2019; e mais de R$ 6 milhões ano passado. 

Carone espera conquistar 300 novos clientes e triplicar o faturamento este ano, chegando a R$ 18 milhões. A startup já está no breakeven e, segundo Carone, pode dobrar de tamanho apenas com o reinvestimento da geração de caixa. 

A capitalização veio para acelerar o processo de internacionalização da empresa, que acaba de entrar em cinco países da América Latina —  México, Colômbia, Peru, Chile e Argentina — bem como para investir numa versão mais básica do produto, focada em startups. 

A ideia de criar a Atlas veio de uma frustração pessoal de Eduardo, um ex-gestor de private equity que atua há anos como conselheiro de empresas. Em 2015, uma das companhias onde ele era board member teve um problema jurídico que acabou levando ao bloqueio judicial dos bens dos conselheiros. 

Seis meses antes, o board havia aprovado a contratação de um seguro, mas quando a empresa foi acioná-lo descobriu que o contrato não havia sido assinado. 

“Aquilo me acendeu uma luz: ‘quantas coisas decidimos numa reunião, assinamos e não são feitas depois?’,” diz o fundador. “Me dei conta que para organizar melhor as decisões precisava ter um software que digitalizasse o processo.”