Nos últimos 14 anos, a VIAW cresceu com uma fórmula simples mas vencedora: ajudar grandes companhias a reduzir seus gastos com telecom — uma necessidade ainda mais latente nesses tempos de inflação alta.
A empresa mapeia os gastos de seus clientes, compara com as referências de mercado usando um software proprietário, e depois começa um processo de negociação com todas as operadoras — o que normalmente reduz os gastos em mais de 30%.
O negócio é essencialmente um business de consultoria — que gera um caixa expressivo para a empresa mas não tem recorrência, dado que as negociações em nome dos clientes são feitas só de 18 em 18 meses.
Agora, a VIAW está executando uma estratégia de M&As para acelerar seu crescimento e diversificar seu negócio para um modelo de software as a service (SaaS), que gera receitas mais previsíveis e recorrentes.
“Até temos alguma recorrência hoje porque o cliente nos paga ao longo do contrato em cima das economias mensais que geramos,” disse Sérgio Wainer, o CEO e um dos três sócios da empresa. “Mas não é um modelo de recorrência como o SaaS.”
Além de Wainer, a VIAW tem como sócios Ronaldo Iabrudi, o chairman do Grupo Pão de Açúcar, e Nelson Reis. Os três são veteranos do setor de telecom, com passagens pelo Vivo, Tim e Claro.
Segundo os sócios — que têm cerca de 30% do negócio cada — a VIAW já foi procurada por diversos fundos, “mas vimos que tínhamos que crescer mais e criar um ecossistema de soluções antes de fazer esse movimento,” disse Iabrudi.
“Somos um negócio que gera caixa, tem uma alta lucratividade e dívida zero. Nesse mercado, isso naturalmente chama a atenção,” disse ele.
Para ajudar na estratégia de M&A, a VIAW contratou a BR Partners, e acaba de fazer sua primeira aquisição.
O alvo foi a 4map, uma startup que desenvolveu um software que ajuda empresas a fazer o controle e a gestão de todos os seus gastos — não só com telecom.
“Eles usam inteligência artificial para fazer a gestão dos custos em geral, desde grandes contratos até gastos com impressão de documentos e vale refeição,” disse Sérgio. “O sistema é fantástico, faz rateio, íntegra com todos os ERPs do mercado e consegue fazer a gestão até das regras do contrato.”
A aquisição foi metade em dinheiro e metade em ações, com os fundadores da 4map passando a fazer parte do time de executivos da VIAW.
Com a aquisição, a VIAW espera faturar R$ 70 milhões no ano que vem, quase o dobro do faturamento previsto para este ano. Desse total, R$ 50 milhões virão do negócio legado da VIA/W e R$ 20 milhões já devem vir da 4map.
A VIAW está em negociação com mais duas startups que também atuam dentro do universo de gestão de custos e no modelo SaaS.
Segundo Iabrudi, a aquisição de hoje e a próxima serão bancadas com recursos próprios da empresa, que tem gerado cerca de R$ 30 milhões em caixa livre por ano. Já a terceira deve ser financiada com a emissão de uma dívida bancária.
“Depois disso, já vamos começar a falar com fundos de novo para a nossa primeira rodada,” disse ele.