Um movimento ontem no mercado americano pode ter marcado o início de uma rotação entre value e growth.

A probabilidade de o Federal Reserve cortar os juros em setembro bateu 95%, e as apostas de redução na taxa ganharam força depois da divulgação de um índice de inflação abaixo do esperado – a menor variação mensal do núcleo em 41 meses.

Foi o gatilho para uma gigantesca rotação nos portfólios de ações no mercado americano, derrubando as ações de tecnologia e desencadeando uma recuperação de ações de outros setores da economia.

Arrastado pelas Big Techs, o Nasdaq caiu 2% na quinta-feira e teve seu pior dia desde abril. As Magnificent Seven perderam, conjuntamente, US$ 598 bilhões em valor de mercado.

Já o Russell 2000, o índice das small caps, subiu 3,6% – a sua melhor performance desde novembro.

A violência do movimento, sobretudo pela grande divergência entre o Russell e o Nasdaq, levou alguns investidores a qualificarem-no de um ‘six-sigma event’ – ou seja, algo raríssimo, para além de seis desvios padrão da curva normal e com probabilidade de 2 em 1 bilhão de acontecer.

Para Thiago Kapulskis, o analista de tecnologia do Itaú, é verdade que os papéis de value estavam para trás, o que pode ter justificado o movimento técnico no mercado – mas não haveria razões para os investidores fugirem das ações de growth.

“Olhando para os fundamentos, os resultados continuam excelentes e esperamos revisões positivas,” disse Kapulskis ao Brazil Journal. “Estamos prevendo uma boa temporada de resultados.”

Depois da forte correção de ontem, hoje o Nasdaq fechou em ligeira alta de 0,6%. O Russell continuou a recuperação, com um ganho de 1,1% hoje e 6% na semana.

Em um relatório, Kapulskis elencou sua lista de recomendações entre os papéis das Big Techs. 

A TSMC (convicção de 100% na tese de investimento) e a Nvidia (convicção de 90%) aparecem no topo.

“Ainda que a TSMC esteja negociando com um prêmio em relação ao seu histórico (que é de 23,6x P/E), trata-se ainda de um múltiplo baixo em relação ao que vemos para empresas de semicondutores high-tech,” escreveu. “Estamos otimistas com relação a um superciclo de crescimento pelos próximos 18 a 24 meses.”

Sobre a Nvidia, Kapulskis comentou que espera novas revisões para cima das vendas. “Aplicando um múltiplo de 30x, fica implícito que a ação pode em breve chegar a US$ 150” – um upside potencial de 15% ante os US$ 130 na tela.

Kapulskis colocou em terceiro lugar a Apple, diante de uma esperada revisão para cima do consenso dos analistas de Wall Street. “Estamos ficando mais otimistas.” A convicção no papel é de 80%.

Completam a lista de preferidas no setor a Meta – “está barata” com múltiplo de 19x – e a Amazon – performando bem e com melhora nas margens de vendas. Em ambos os papéis, a convicção na tese é de 60%.

O Brazil Journal convida gestores de ações globais a escrever sobre teses e posições de suas carteiras. Envie para globalstocks@braziljournal.com.