É comum escutarmos de um governante eleito que ele está à procura de um “nome forte” do setor privado para compor seu secretariado ou ministério. No entanto, algumas vezes a “joia da coroa” não está no setor privado, e sim no próprio setor público.

Em geral é uma pessoa que teve a paciência e maturidade de trabalhar por anos com diferentes chefes, em diferentes governos, e fez seu trabalho sem buscar holofotes e sem se preocupar com o reconhecimento da imprensa ou da opinião púbica.

Há vários funcionários(as) públicos que se encaixam neste perfil, e hoje o Governador Eduardo Leite nomeou uma delas, Priscilla Santana, secretária de Fazenda do Rio Grande do Sul.

Funcionária de carreira do Tesouro Nacional, onde é Subsecretária de Relações Financeiras Intergovernamentais desde 2015, Priscilla exerceu a difícil tarefa de acompanhar as contas dos estados e municípios — o que muitas vezes significa dizer “não” a prefeitos e governadores ávidos por conseguir garantias do Tesouro para operações de empréstimos com bancos públicos ou organismos internacionais, mesmo quando esses entes não gozavam de uma situação fiscal saudável para merecer a garantia.

Mas em geral, antes de proferir o “não” inevitável, a ‘Doutora Priscila’ sempre prefaciava com uma frase carinhosa: “Meu querido, não é possível atendê-lo porque a Lei não permite. Mas vamos procurar uma forma de você melhorar a sua nota e conseguir a garantia”.

Essa forma de dizer “não” de uma maneira técnica e suave ganhou o respeito de muitos interlocutores. Um desses governadores que escutou “não” por várias vezes da subsecretária Priscilla foi justamente Eduardo Leite, quando negociou com o Tesouro para que o Rio Grande ingressasse no Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

Num País capturado pelos grupos de interesse, o cidadão brasileiro não sabe, mas tem que ser grato à Doutora Priscilla pelos vários “nãos” ao longo dos anos, que defenderam a coisa pública e incentivaram os estados a melhorar suas contas.

Nem sempre é difícil encontrar um colaborador quando se sabe onde procurar e se respeitam critérios técnicos em vez de indicações políticas.