Depois de mais de um ano e meio de análise, o CADE finalmente aprovou a fusão da PETZ com a Cobasi, removendo uma incerteza enorme que pesava sobre a tese de investimentos e vinha penalizando a ação.

A aprovação veio com remédios, mas as exigências de desinvestimento vieram mais brandas do que o mercado esperava — e do que havia sido pedido por concorrentes.

Enquanto a Petlove, que entrou como terceira interessada no processo no CADE, havia pedido o desinvestimento de 105 lojas, o CADE exigiu a venda de apenas 26.

Essas lojas — um mix de pontos da Petz e da Cobasi — estão localizadas no Estado de São Paulo e representam cerca de 3,3% do faturamento da empresa que vai surgir da fusão. 

Sergio Zimerman

A companhia combinada tem um prazo de seis meses para concluir a venda, que pode ser estendido por mais seis. Já há dois interessados: a própria Petlove e a Petcamp. 

O closing de transação deve acontecer em 2 de janeiro, uma fonte próxima à Petz disse ao Brazil Journal.

Pelos termos da fusão, os acionistas da Petz vão receber uma ação da nova companhia, além de uma parcela em dinheiro de cerca de R$ 0,70 por ação, já ajustada pelo CDI desde o dia do anúncio. 

A fusão cria um player dominante no setor de varejo pet, com um market share de cerca de 11%, 489 lojas e um faturamento combinado de mais de R$ 7 bilhões.

Quando apresentou o racional da transação em meados de 2024, a Petz havia estimado sinergias de EBITDA entre R$ 220 milhões e R$ 330 milhões, que seriam capturadas majoritariamente nos três primeiros anos pós-fusão.

Depois do closing, a companhia deve fazer uma nova apresentação ao mercado e apresentar uma projeção mais assertiva.

Cobasi

A aprovação da fusão no CADE foi uma novela que durou mais de um ano e meio, com a decisão tendo sido adiada diversas vezes e a transação sofrendo resistência ostensiva de um concorrente, a Petlove.

Em junho, a superintendência-geral do CADE — a área técnica do órgão antitruste — havia aprovado a transação sem nenhuma restrição, mas a Petlove entrou com um recurso no mesmo mês, fazendo o processo subir ao tribunal administrativo, que proferiu sua decisão hoje. 

O vai e vem fez muitos analistas e investidores questionarem se a transação de fato seria aprovada e quais remédios poderiam vir do CADE.

A aprovação nos termos de hoje deve levar o sellside a rever seus modelos e projeções, podendo levar a um re-rating da ação.

O papel subiu 4,3% hoje com a notícia, com a Petz agora valendo R$ 2 bilhões na Bolsa. 

A Petz negocia hoje entre 20x a 25x o lucro estimado para este ano – dependendo do analista e das premissas usadas. Mas após a fusão, o múltiplo já vai comprimir de imediato: apesar de terem um EBITDA praticamente igual, o lucro líquido de Cobasi é maior que o da Petz, já que ela tem menos depreciação e menos dívidas.

Considerando um lucro de R$ 170 milhões para a Cobasi este ano e de R$ 80 milhões para a Petz, e um market cap de cerca de R$ 3,8 bilhões da nova empresa (já que o número de ações dobra), o múltiplo já cairia na largada para perto de 15x. 

Esse múltiplo não tem nenhuma sinergia e considera o lucro num ano difícil, de forte concorrência.