A centenária General Electric anunciou hoje que vai dividir o que sobrou dos seus negócios em três companhias — de aviação, energia e healthcare — e listá-las separadamente.
Desde a chegada de Lawrence Culp como CEO em 2018 — o primeiro executivo de mercado a comandar a GE em 126 anos de história — a empresa está cortando custos e vendendo ativos para simplificar suas estruturas e, principalmente, reduzir seu endividamento, a maior preocupação dos investidores.
Até o início dos anos 2000, a GE era um símbolo da indústria americana e estava entre as empresas com maior valor de mercado na bolsa. Mas, depois de ter seu negócio financeiro fulminado pela crise de 2008, a empresa nunca mais voltou ao topo.
Nos últimos anos, a GE saiu dos negócios de lâmpadas, eletrodomésticos e locomotivas, desmembrou suas operações de óleo e gás, e vendeu a GE Capital, o braço de serviços financeiros que ajudou a afundar a empresa em 2008.
Desde que Larry Culp assumiu, o novo CEO já reduziu a dívida da GE em mais de US$ 75 bilhões, e a expectativa é que a empresa termine o ano com uma relação entre dívida líquida e EBITDA inferior a 2,5 vezes.
A GE hoje tem uma dívida líquida próxima a US$ 65 bilhões, com um market cap de US$ 120 bi.
Após a separação dos negócios anunciada hoje, o nome GE deverá ficar com a empresa de aviação, que terá Culp como CEO.
O timing dos spinoffs não é simultâneo.
A GE espera concluir no início de 2023 o spinoff da GE Healthcare, conhecida por fabricar equipamentos hospitalares, incluindo as máquinas (caríssimas) de ressonância magnética. A GE deve ficar com 19,9% da GE Healthcare, o que sugere que deve levantar capital na nova empresa.
No ano seguinte, pretende combinar três de seus negócios na nova empresa de energia: a GE Power, a GE Renewable Energy e a GE Digital.
A GE disse que a separação das empresas trará benefícios a cada um dos negócios, como um maior foco operacional, melhor alocação de capital e mais flexibilidade para o crescimento de longo prazo.
O mercado aplaudiu: a ação da GE opera em alta de 6% no início da tarde.
A GE surgiu em 1892 e teve entre seus fundadores Thomas Edison, o inventor da lâmpada elétrica. Ao longo do século, a empresa já passou por várias transformações, acompanhando o desenvolvimento da economia americana, e foi líder na produção de eletrodomésticos, motores a jato e turbinas de energia.
A década de 80 foi a época de ouro do conglomerado, que se expandiu sob o comando do lendário Jack Welch, falecido ano passado. Além de criar uma cultura corporativa, Jack colocou a GE em serviços financeiros e broadcasting com a compra da rede NBC, vendida em 2009.
Apesar da ação acumular alta de 55% no acumulado de 12 meses, o papel tem ficado atrás dos índices nos últimos anos. Desde 2009, segundo a FactSet, a ação perde 2% ao ano, enquanto o S&P 500 teve retorno anual de 9%. Em 2018, antes da chegada de Culp, as ações da GE foram retiradas do índice Dow Jones.