A Knewin — uma startup que monitora a reputação de marcas usando inteligência artificial — acaba de levantar R$ 40 milhões para ampliar seu portfólio de produtos com aquisições e acelerar sua expansão internacional.
O cheque para a rodada Série A veio da Oria Capital, uma gestora de private equity focada em empresas de SaaS (software as a service). A Oria já investiu na Gupy, de recrutamento; na Pixeon, um ERP para hospitais; e na Zenvia, de conversational commerce.
Esta é a terceira captação desde que a Knewin foi fundada em 2011. De lá para cá, a startup já levantou outros R$ 16,5 milhões com a KPTL e a Invisto, ambas gestoras de venture capital.
Fundada em Florianópolis por dois cientistas da computação, Lucas Nazário e Fabiano Beppler, a Knewin está injetando tecnologia numa indústria carente de inovação: as agências de public relations e assessorias de imprensa.
Até pouco tempo, essas empresas faziam o monitoramento de seus clientes da forma arcaica: uma pessoa ficava lendo as notícias nos principais veículos de comunicação e selecionando manualmente as matérias em que seus clientes eram citados.
A Knewin desenvolveu um algoritmo de inteligência artificial capaz de monitorar em tempo real 1,2 milhão de fontes distintas de informação — desde sites e redes sociais até rádios e canais de televisão — gerando mais de 10 terabytes de dados por dia.
A startup atende cerca de mil clientes, que pagam uma mensalidade para ter acesso a plataforma, e faturou cerca de R$ 30 milhões em 2020. A meta para este ano é mais que dobrar a receita, chegando a R$ 70 milhões.
Na prática, os clientes da Knewin — agências como a FSB, empresas como a Petrobras e instituições públicas como o Governo da Bahia — definem os filtros de informações que desejam buscar. O algoritmo então começa a vasculhar as fontes de dados para entender a exposição do cliente na opinião pública.
O Governo da Bahia, por exemplo, usou a Knewin recentemente para entender como a população estava enxergando as ações do Estado no combate à pandemia.
Nas versões mais sofisticadas de seu serviço, a Knewin adiciona também uma camada extra de curadoria dos dados (na qual uma equipe de analistas faz uma limpeza e classificação das informações geradas pelo software), e uma solução de analytics, cruzando informações e criando gráficos para mostrar tendências e gerar hipóteses.
Lucas, o CEO e cofundador, explica que para capturar dados offline, como transmissões locais de rádio, a Knewin constrói hardwares próprios em parceria com provedores regionais.
“Montamos vários desses equipamentos físicos que capturam o sinal [de rádio], jogam esse sinal na nuvem e depois fazem a tradução de voz para texto,” ele disse ao Brazil Journal. “Se tiver alguém reclamando de uma marca que atendemos numa rádio pequena do interior, por exemplo, vamos conseguir capturar isso.”
Lucas diz que a capitalização vai ser usada principalmente para aquisições de empresas que vão complementar o portfólio de produtos — uma estratégia que tem sido central no crescimento da Knewin. A startup já fez onze aquisições, tanto para aumentar a carteira de clientes quanto para agregar novas tecnologias e serviços.
Agora, a Knewin quer entrar nos serviços de ‘newsroom’, que permite que empresas criem plataformas abertas a jornalistas onde postam textos e vídeos; distribuição de conteúdo por email para jornalistas (dominado por empresas como I’Max e Comunique-se); e de business intelligence.
Outro plano: comprar uma empresa que já tenha uma carteira de clientes relevante no México, onde começou a operar recentemente.
“Eles criaram uma base de dados muito robusta que os coloca numa posição extremamente defensiva: qualquer empresa que quiser entrar no mercado vai ter o custo alto de montar esse dataset,” diz Jorge Steffens, o fundador da Oria Capital. “Esse é um setor que é quase um monopólio onde o primeiro a entrar normalmente é quem ganha.”