A CloudWalk — a empresa de pagamentos que opera com a maquininha InfinitePay — levantou o maior Series B da história do Brasil, segundo dados do Pitch Book, colocando US$ 190 milhões em caixa para acelerar sua estratégia de captar clientes cobrando taxas consideravelmente menores que as da concorrência.
A rodada foi liderada pelo Coatue, a gestora de venture capital americana, e teve a participação do DST Global, que no Brasil já investiu no Nubank, Loft e Neon.
A Valor Capital, The Hive Brazil e FIS — que já eram investidores da empresa — também acompanharam a rodada. A Stone foi uma investidora de early stage na startup, mas já vendeu 90% de sua participação na medida em que seu negócio (e a SaltPay) passaram a competir mais diretamente com a CloudWalk.
Fundada em 2013 por Luís Silva, um autodidata que aprendeu a programar com 15 anos, a CloudWalk começou construindo interfaces para POS, operando como fornecedor de tecnologia para clientes como SumUp, BeBlue e Stone.
Dois anos atrás, Luís decidiu se tornar um adquirente, lançando a InfinitePay.
Hoje, a maquininha já é usada por mais de 70 mil pequenos e médios varejistas, que faturam de R$ 12 mil a R$ 50 mil por mês. Em abril, o run rate da startup apontava para um volume total de pagamentos de US$ 1,2 bilhão/ano.
Para efeito de comparação, a Stone tem uma base de cerca de 650 mil clientes e processou R$ 209 bilhões em 2020.
“Desde o início, sabíamos que o problema da taxa não era financeiro, mas era um problema de dados e tecnologia,” Luís, o fundador, disse ao Brazil Journal. “Se conseguíssemos tirar os fraudadores da plataforma, pagar o cliente rapidamente, e vender apenas no digital, sabíamos que podíamos repassar essa eficiência para os clientes.”
O índice de chargeback da CloudWalk — em bom português, as fraudes que acontecem nas transações — é de apenas 0,08%, em comparação a uma média de 0,8% na indústria. O segredo de Tostines: um algoritmo capaz de detectar esse tipo de operação e descadastrar rapidamente essas pessoas da plataforma.
Com o fraudador fora da jogada, a CloudWalk consegue oferecer uma taxa dramaticamente inferior à da concorrência — o que, em muitos casos, é a diferença entre o lucro e o prejuízo para o pequeno varejista.
Na antecipação de recebíveis de vendas parceladas em 12 vezes, a empresa cobra 7,45% ao ano, enquanto as adquirentes tradicionais cobram de 25% a 50%. Sua taxa de processamento é de 0,4% por transação, contra um ‘take rate’ de 1,5% a 2% dos concorrentes.
Além da InfinitePay, a CloudWalk está testando uma tecnologia que permite a seus lojistas-clientes criar lojas online com facilidade, nos moldes do Shopify. A plataforma, chamada Confere, é integrada à própria maquininha — permitindo que o cliente final veja fotos da mercadoria que está comprando — além de fazer reconciliação de pagamentos e a integração de estoques.
Os recursos da rodada vão ser usados para contratar mais gente, reduzir o preço das maquininhas (acelerando a captação de clientes) e dar mais tração à Confere.
A meta de Luís é fechar este ano com 170 mil merchants ativos (100 mil a mais do que tem hoje) dentro de um nicho de PMEs que, segundo ele, está sendo negligenciado pelas adquirentes tradicionais, incluindo Stone e PagSeguro.
A CloudWalk também tem ambições globais: no médio prazo, Luís quer levar suas maquininhas para os Estados Unidos e Europa.
A FT Partners, um banco de investimentos de São Francisco, assessorou a CloudWalk na rodada.