Com iniciativas de circularidade que visam reduzir o impacto ambiental e aumentar a reutilização de rejeitos, o Programa de Mineração Circular da Vale deve, até o fim deste ano, recuperar, a partir de rejeitos da mineração e estéril, cerca de 7 milhões de toneladas de minério de ferro. 

Para quem não conhece, o estéril é o material retirado durante o processo de lavra da mineração que não contém taxas relevantes de minerais de interesse econômico no momento da extração e fica armazenado em pilhas nas operações de mineração. Já o rejeito é o que sobra depois que o minério é processado nas usinas e é depositado em barragens ou é empilhado.

No entanto, o objetivo a longo prazo é ainda maior: a Vale prevê que, até 2030, 10% de sua produção de minério de ferro seja proveniente do reaproveitamento de rejeitos e do processamento de materiais estéreis. 

Além disso, a circularidade deixará de emitir 1,9 milhão de toneladas de CO2 até 2035. Essa redução equivale às emissões de 1,2 milhão de carros em um ano.

Como a Vale pretende fazer isso? A empresa vem investindo em inovação para conseguir aumentar a extração de minério a partir de pilhas e barragens existentes e de áreas que estão em processo de desativação. Além disso, está desenvolvendo processos e tecnologias para a redução da geração de estéril e rejeito. 

Embora a Vale já adote práticas de otimização de recursos e redução de rejeitos em suas operações, a mineração circular vai além, permitindo extrair minério e gerar coprodutos de materiais antes considerados sem valor econômico – o estéril das operações de lavra e o rejeito das usinas de processamento.

Segundo Rafael Bittar, vice-presidente executivo técnico da Vale, por meio de investimentos em inovação e tecnologia, a companhia criou modelos para reaproveitar materiais armazenados em pilhas e barragens, antes considerados sem valor, e para desenvolver outros produtos a partir deles, como areia, blocos e cimento para construção civil e fertilizantes para agricultura regenerativa.

Algumas iniciativas já estão avançadas. Um exemplo é o Projeto Gelado, que teve seu teste operacional iniciado em março de 2023 e tem capacidade inicial de produzir 2 milhões de toneladas de pellet feed por ano. A Vale investiu US$ 428 milhões no projeto. 

A barragem do Gelado concentra rejeitos dos últimos 37 anos de operação de Carajás, no Pará, e, agora, por meio de um processo de concentração magnética (em que um ímã separa as partículas ferrosas), a mineradora consegue extrair um material com teor médio de ferro de 63% – um percentual considerado alto.

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Além disso, em novembro de 2020, a Vale inaugurou uma planta-piloto de blocos na Mina do Pico, localizada na cidade mineira de Itabirito. 

A empresa tem a expectativa de transformar 30 mil toneladas de rejeitos por ano em 3,8 milhões de produtos para a construção civil – desde pisos, blocos de concreto e de vedação, entre outros.

Em 2023, a Vale lançou a startup Agera para desenvolver e expandir seu negócio de areia sustentável. Desde então, aproximadamente 900 mil toneladas desse produto foram destinadas aos setores de construção civil e pavimentação de estradas. A expectativa é comercializar 1,8 milhão de toneladas de areia sustentável até o final de 2024.

“Nosso programa visa maximizar o aproveitamento de minério de ferro nas reservas, reduzindo a geração de rejeitos e gerando valor para a Vale e para a sociedade,” disse Bittar.

O programa, que até o momento mapeou mais de 100 iniciativas, tem ajudado a Vale a mensurar todos os resultados dessa política sustentável. No primeiro semestre de 2024, o programa identificou 2 milhões de toneladas de minério de ferro produzidas, a partir do reaproveitamento de rejeitos e estéril.

Ou seja, o novo programa já vem impactando a eficiência e a rentabilidade da companhia.

Além da mineração circular, a Vale está comprometida com outras metas de sustentabilidade, como as de descarbonização, que são ambiciosas. 

A companhia planeja reduzir em 33% as emissões de escopo 1 e 2 até 2030, além de diminuir em 15% as de escopo 3 até 2035. 

A mineradora estabeleceu, ainda, a meta de atingir 100% de consumo de energia elétrica renovável no Brasil até 2025 – meta atingida em 2023, com dois anos de antecedência – e globalmente até 2030. 

No longo prazo, a Vale calcula que zerará as emissões líquidas dos escopos 1 e 2 até 2050.

 

Em destaque Pátio de estocagem do projeto Gelado em Parauapebas no Pará. Foto de Ricardo Teles.

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