A Vulcabras acaba de divulgar o melhor trimestre de sua história — com receita, EBITDA e lucro recordes.
O resultado marca uma forte retomada da fabricante das marcas Olympikus, Under Armour e Mizuno depois dos anos difíceis da pandemia.
O faturamento ficou em R$ 738 milhões no quarto trimestre, uma alta de 19,2% na comparação anual.
Já o EBITDA veio em R$ 176 milhões e o lucro líquido atingiu R$ 214 milhões. O bottom line foi ajudado por um crédito fiscal do PIS/COFINS que adicionou R$ 94 milhões ao lucro.
Mesmo excluindo esse crédito fiscal, o CEO Pedro Bartelle disse que o lucro é o maior para um trimestre nos 70 anos da companhia.
Segundo ele, todos os indicadores da Vulcabrás já estão acima do nível pré-pandemia, mas ainda há espaço para continuar crescendo a margem bruta, que foi afetada nos últimos anos pelas pressões inflacionárias.
A margem bruta fechou o quarto trimestre em 38,3%, uma alta de 2,2 pontos percentuais na comparação anual.
“Houve um crescimento muito forte dos preços de insumos nos últimos anos, que não conseguimos repassar na totalidade para os preços,” o CEO disse ao Brazil Journal. “Agora os preços até já começaram a reduzir em algumas matérias-primas, o que deve ajudar.”
O resultado do quarto tri é reflexo de uma estratégia adotada há dois anos pela empresa. Na época, Bartelle decidiu focar apenas no segmento de esportes, licenciando a marca Azaleia para a Grendene — que é da mesma familia controladora.
“Fazer calçado feminino, chinelo, sapato masculino e tênis são coisas muito diferentes. O tênis tem muitos processos, passa em média na mão de 150 pessoas para ficar pronto,” disse ele. “Além disso, é um outro tempo de venda e um outro perfil de cliente.”
Segundo ele, a Vulcabrás já queria fazer esse movimento desde 2017, mas a Azaleia representava uma parcela muito relevante do faturamento. Com a compra da Mizuno, em 2020, o movimento foi possível.
“Agora toda a empresa só pensa na linha esportiva, o que permitiu mais crescimento, mais sinergia e mais eficiência no processo produtivo,” disse ele.
Das três marcas da Vulcabras, apenas a Olympikus é própria. As outras duas são operadas pela companhia no Brasil por meio de acordos de licenciamento. Esses acordos, no entanto, permitem que a empresa desenvolva novos produtos para serem vendidos no mercado local ou exportados para outros países.
A companhia opera basicamente com a distribuição de seus produtos para lojas multimarcas, que representa mais de 90% do faturamento. O restante (7%) é a venda direta pela ecommerce.
A Vulcabras atende hoje mais de 18 mil lojas de 10 mil clientes diferentes.
Para Bartelle, o crescimento da empresa virá de algumas frentes.
Na Olympikus, o plano é ampliar a penetração dos tênis de alta performance, que hoje respondem por cerca de 10% do faturamento da marca, com uma proposta de valor mais atraente que a das marcas internacionais.
Recentemente, a companhia lançou um tênis de corrida com propulsão de grafeno (o que em tese ajuda no impulso) por cerca de R$ 700. Um tênis com essa mesma tecnologia de marcas como Nike e Adidas não sai por menos de R$ 2.000.
Na Under Armour, Bartelle disse que a penetração no Brasil ainda é muito baixa, o que abre espaço para um crescimento robusto da marca apenas ampliando a distribuição.
Na Mizuno, o cenário é parecido, mas num grau menor. A marca já é mais conhecida e consumida no Brasil, mas ainda há espaço para crescimento, segundo Bartelle. “Em dois anos, já conseguimos dobrar o faturamento da Mizuno só colocando ela no nosso sistema,” disse ele.
Outra avenida de crescimento é a adição de novas marcas no portfólio. Bartelle disse que não há nada para anunciar no curto prazo, mas que vê espaço para um movimento desse tipo.
“O mercado brasileiro vem se tornando cada vez mais consolidado e em ebulição,” disse o CEO. “Tem muitas marcas internacionais buscando operadores locais.”