BRF, JBS e outras indústrias processadoras de frango acenderam a luz amarela depois que o primeiro caso de influenza aviária foi confirmado hoje no Uruguai.
Protocolos sanitários foram acionados e todo o setor entrou em alerta diante da proximidade de uma doença que nunca foi registrada no País.
O caso identificado no Uruguai traz uma preocupação adicional pela proximidade com a região Sul do Brasil. Juntos, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná respondem por 65% de toda a produção nacional de frango e detêm 85% das exportações brasileiras.
No ano passado, as vendas externas do País alcançaram o volume recorde de 4,8 milhões de toneladas, com receita de US$ 9,7 bilhões. O desempenho representou um crescimento de 4,6% em volume e 27% em receita.
A notícia não chegou a contaminar o preço das ações das duas maiores indústrias do setor. A BRF fechou em alta de 3,9% e a JBS, dona da Seara, subiu 2,5% – em linha com o mercado em alta.
Fontes das indústrias demonstram certa tranquilidade até o momento. Um executivo sênior disse ao Brazil Journal que há mais de 20 anos o Brasil adota ações de prevenção e que os planos de contingência são atualizados constantemente, incluindo simulações para casos de detecção da doença.
Mesmo assim, as indústrias decidiram hoje ajustar seus procedimentos, proibindo visitas às unidades produtivas e reforçando o controle sobre o fluxo de aves e rações.
Por enquanto, o caso uruguaio é considerado isolado. A influenza foi detectada em uma ave selvagem – um ganso – o que ainda permite que o comércio e exportação ainda sejam mantidos. Contudo, barreiras sanitárias costumam ser imediatamente impostas em casos de surto, tanto no mercado interno quanto externo.
O que tem chamado a atenção de alguns analistas é o aumento do número de casos confirmados na América do Sul. De novembro do ano passado até agora, a doença já foi identificada no Peru, Chile, Equador, Venezuela, Colômbia, Argentina e, agora, no Uruguai.
No ano passado, um surto de influenza atingiu a produção de perus dos Estados Unidos, espalhando-se por 46 estados. Cerca de 50 milhões de aves foram abatidas.
O efeito econômico da detecção da doença no Brasil poderia ser desastroso. O país é o maior exportador de carne de frango do mundo e responde por 34% do comércio internacional. Além disso, é o segundo maior produtor global, com 14,2 milhões de toneladas no ano passado – atrás apenas dos Estados Unidos, com 21 milhões de toneladas.
Também conhecida como gripe aviária, a doença pode infectar aves e mamíferos, incluindo humanos.