O frigorífico Rio Branco Alimentos, dono da marca Pif Paf, colocou à venda uma de suas seis plantas como parte de uma reorganização de sua estrutura de capital, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

A Rio Branco tem uma dívida bruta de R$ 1 bilhão. Nove meses atrás, a empresa contratou a G5 Partners para reperfilar essa dívida – que tinha vencimentos significativos no ano passado – e a estendeu para 2024.  

O problema: o mercado de frangos e suínos continuou a se deteriorar, com o preço dos insumos em alta e o do frango em queda. Além disso, os juros em 13,75% têm pressionado o resultado da empresa dada a alta despesa financeira. 

boopo luiz carlos costa copyA situação levou a Rio Branco a decidir vender sua planta de Goiás, uma das maiores entre as seis fábricas da companhia, e a fazer mudanças relevantes no comando. Como parte dessas mudanças, Luiz Carlos Costa, um dos três irmãos que controla a empresa e hoje chairman, vai assumir como CEO. 

“Eles entenderam que, às vezes, você tem que dar um passo para trás para dar três para frente,” disse uma fonte próxima à empresa. “O pior é quando você não faz o seu stop loss.” 

Segundo essa fonte, a venda dessa planta já seria suficiente para equacionar a dívida. A planta tem um custo de reposição de mais de R$ 1 bilhão, mas a expectativa é que a venda seja feita por um valor menor – mas já suficiente para reduzir drasticamente o endividamento da companhia. 

A Rio Branco já começou a conversar com players do setor que mostraram interesse pelo ativo, mas ainda pretende engajar outros potenciais compradores. 

A Rio Branco fatura perto de R$ 3 bilhões com uma margem EBITDA na casa de 8%. A empresa tem um portfólio de mais de 900 produtos e presença mais forte nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O frigorífico é controlado pela família Costa, que fundou a empresa em 1968 no Rio de Janeiro. 

No mercado, a compra da Uniaves por R$ 300 milhões, em 2021 é tida como um dos movimentos que desencadeou os problemas atuais da companhia. Mas para uma fonte próxima à Rio Branco, as coisas não são bem assim.

“A Uniaves é a unidade mais rentável disparada da empresa. Inclusive, um dos planos é usar o modelo de negócios da Uniaves em toda a empresa.”

A tentativa de fortalecer o balanço da empresa vem depois da Rio Branco tentar fazer um IPO no ano passado. Em março, a companhia desistiu da oferta em meio à piora do mercado de capitais.

Segundo uma fonte com conhecimento do assunto, parte dos problemas de hoje têm a ver com uma mudança na estratégia da companhia com vistas ao IPO. A Rio Branco passou a buscar mais crescimento em detrimento do bottom line, e trouxe executivos de mercado, tornando sua estrutura mais lenta e burocrática. 

Agora, a companhia planeja voltar às origens, e o retorno de Luiz Carlos como CEO é o primeiro passo nesse sentido. O plano é adotar um modelo de gestão mais focado em “geração de caixa e na última linha,” e com mais agilidade nas tomadas de decisão. 

Um IPO ainda continua nos planos, “mas não é mais um objetivo a qualquer custo,” disse a fonte.