A Dexco – dona das marcas Duratex, Deca e Hydra – acaba de anunciar uma série de mudanças em seu C-Level, incluindo a saída de Marcelo Izzo, o vp da Deca e revestimentos, uma divisão que vinha sofrendo nos últimos meses.
As mudanças foram bem vistas pelo mercado – ainda que tenham pego boa parte dos investidores de surpresa.
“É uma sinalização importante porque a performance da área não estava boa,” disse um gestor comprado na ação. “Mostra que eles estão querendo melhorar e que estão incomodados com esse nível de resultado atual.”
Marcelo – o ex-CEO de uma engarrafadora do Sistema Coca-Cola que entrou na Dexco há cinco anos – fez um turnaround bem sucedido na Deca entre 2017 e 2021.
“No entanto, desde a fusão da Deca com a divisão de revestimentos, o resultado tem vindo abaixo das expectativas,” escreveu o analista do BTG, Leonardo Correa.
A margem EBITDA da divisão comandada pelo executivo caiu de uma média de 18% entre 2020 e 2021 para cerca de 13% no terceiro tri do ano passado.
Raul Guaragna, que até agora liderava a divisão de madeiras da Dexco – uma área que tem performado bem nos últimos anos – assumirá a posição deixada por Marcelo.
O negócio de madeiras ficará debaixo de Carlos Haddad, que está deixando o cargo de CFO. O novo CFO será Francisco Semeraro Neto, que passou os últimos quatro anos como diretor de controladoria.
As mudanças no C-Level vem num momento em que a Dexco sofre com a piora do cenário macroeconômico, além de problemas micro.
“Operacionalmente, a empresa está há alguns anos num processo de turnaround, e o resultado não está vindo,” disse o gestor comprado na ação. “No terceiro tri, por exemplo, eles tiveram um resultado pior, que veio basicamente de uma falha da empresa, e não de algo macro.”
Segundo ele, a Dexco não conseguiu atender parte da demanda por problemas de continuidade da produção. “Foi um erro fabril, e concentrado nessa divisão de louças,” disse.
Na parte de madeiras, as coisas estão rodando bem. O volume de vendas vem piorando pela situação macro, mas o preço mais alto está compensando essa perda.
“Além disso, a Dexco tem bastante floresta própria, então a sua margem tende a ser maior que a dos concorrentes,” disse esse gestor. “Ela é mais eficiente nessa parte, o que é muito importante num momento em que o preço da madeira subiu muito.”
Para ele, isso deve levar a uma consolidação do setor, já que muitos concorrentes menores podem acabar falindo por conta dessa dinâmica.
A ação da Dexco negocia hoje ao redor de R$ 7,20. A companhia vale R$ 6 bilhões na Bolsa.