É verdade: esse ano teve uma energia pesada.
Um País dividido, um mercado moribundo – sem falar nos problemas pessoais que todos temos. Mas antes de reclamar da vida, converse com quem teve que lutar por ela.
Há pouco mais de um ano, o adolescente Emanuel Vitor Hote Silva precisou escolher entre sua perna esquerda – ou a vida.
“Eu gostava muito de jogar bola, andar de bike, correr e passear com meu cachorro,” diz Emanuel, hoje com 17 anos, num depoimento no Instagram que já foi visto por quase 430 mil pessoas.
O morador de Piúma, no Espírito Santo, foi vítima de um câncer extremamente agressivo, o Sarcoma de Ewing, o segundo tumor ósseo mais frequente na infância e na adolescência.
A quimioterapia deu resultado, mas a perna esquerda precisou ser amputada na altura da articulação.
Emanuel fez a melhor escolha – “viver” – superou o baque e agora quer retomar a vida sem as limitações e o desconforto das muletas. Numa vaquinha, ele pede ajuda para comprar uma prótese biônica.
O orçamento é caro – R$ 200 mil, incluindo todo o apoio especializado para a sua reabilitação – mas a família de Emanuel se surpreendeu com a solidariedade. Em menos de um mês, já foram arrecadados mais de R$ 140 mil.
Assim que conseguir os R$ 200 mil, o garoto capixaba será um dos próximos pacientes na reabilitação da Da Vinci, uma clínica fundada por outro jovem com uma história de superação ainda mais inspiradora.
O dono da clínica, Pedro Pimenta, tinha 18 anos quando por muito pouco não perdeu a vida por causa de uma meningite meningocócica.
Pedro era estudante, e se preparava para o vestibular. Ficou em coma um mês. Sobreviveu, mas teve que se despedir dos dois braços acima do cotovelo e das duas pernas acima do joelho.
Passou por inúmeras cirurgias e entrou em coma novamente por causa de uma infecção hospitalar. Sobreviveu de novo. Foram meses de internação até que pudesse sair do hospital e retomar a vida.
As alternativas de reabilitação não eram promissoras. Os médicos diziam que Pedro teria que usar cadeira de rodas e dificilmente teria uma vida independente.
Uma cena de sua trajetória mostra um ser humano tentando tirar o máximo da vida.
Os médicos, a contragosto, deram autorização para Pedro realizar o sonho de ir ao Morumbi ver o show do AC/DC. O garoto foi de ambulância até o estádio e assistiu ao show na maca, tendo ao lado uma mãe que não parava de chorar.
Com o tempo, Pedro sacou que poderia ser feliz mesmo sem os braços e pernas. Enquanto testava próteses e fazia fisioterapia, pesquisava alternativas no exterior. A família decidiu investir as economias procurando ajuda nos EUA.
Em um evento, Pedro conheceu um executivo da Hanger Clinic, uma das maiores redes dos EUA de clínicas de reabilitação de amputados, a maioria veteranos de guerra.
Ter as próteses mais avançadas representa apenas uma parte na equação de reabilitação dos amputados. Eles precisam de apoio especializado integral e também de trocar experiências com outras pessoas que passaram por situações semelhantes.
O vice-presidente da Hanger, Kevin Carroll, viu em Pedro a possibilidade de ter um caso bem-sucedido de um tetra-amputado reabilitado e independente.
Pedro mudou-se para os EUA para se adaptar às próteses biônicas e passar pela reabilitação. Virou garoto-propaganda e palestrante da empresa. Ingressou na University of South Florida, onde se formou em economia com um minor em empreendedorismo.
Pedro passou por diversas áreas da Hanger, de vendas ao marketing, conheceu os concorrentes e aprendeu muito sobre o mercado de próteses e o lado clínico, da reabilitação.
Com a pandemia, Pedro voltou para São Paulo e decidiu abrir a Da Vinci Clinic, em Barueri. Lá, procura oferecer aos amputados o tipo de tecnologia e reabilitação que gostaria de ter tido desde o início de seu tratamento.
Seu sócio, Jairo Blumenthal, foi um dos primeiros brasileiros a se formar em órteses e próteses nos EUA, e trabalhou como vp comercial para a América Latina da islandesa Össur, uma das principais fabricantes mundiais de equipamentos ortopédicos avançados.
Até agora, 150 pacientes já foram reabilitados na clínica. São tratamentos caros, não cobertos por planos de saúde nem pelo SUS. Alguns possuem tratamento financiado por empresas, como ocorre em um projeto-piloto com a francesa Verallia, a multinacional fabricante de garrafas de vidro.
E há aqueles que dependem da ajuda de amigos, vaquinhas e doações, como o jovem Emanuel.
“Conheci o Pedro pela internet. Foi uma inspiração muito grande para mim. O cara é foda. Quatro membros amputados,” diz Emanuel. “Ele me convidou para conhecer a clínica, fui lá há dois meses.”
Para Pedro, abrir a clínica foi apenas um primeiro passo. Ele pretende contribuir para aproximar o Brasil daquilo que há nos EUA – não apenas na oferta de atendimento e tecnologia, mas também na regulamentação da profissão e na ampliação da cobertura dos convênios médicos.
“No Brasil, os planos de saúde veem as próteses como luxo. Aceitam pagar apenas se for no ato cirúrgico,” diz Pedro. “As exoesqueléticas não estão no rol de cobertura.”
No finzinho do vídeo em que pede ajuda, Emanuel abre o sorriso quando fala da esperança de retomar a vida “como era antes”, e ensina, do alto de sua superação.
“Independente da sua dificuldade, corra o risco, porque a vista do outro lado é espetacular.”
AJUDE O EMANUEL
https://nova.voaa.me/campaigns/emanuel-protese
PIX: 20697456781
CONHEÇA A DA VINCI CLINIC