A CTG Brasil — uma das maiores geradoras de energia do País com 8,3 GW de capacidade — acaba de pedir à CVM autorização para um IPO que deve sair em janeiro e levantar perto de R$ 4 bilhões.
A oferta, provavelmente a primeira de 2023, será 100% primária, diluindo a China Three Gorges International, a multinacional chinesa que é dona de 100% do capital da subsidiária brasileira por meio de diversos veículos.
Fundada em 2013, a CTG Brasil foi construída a partir das aquisições de ativos da CESP e da Duke Energy, além da criação de duas joint ventures com a EDP Brasil.
Hoje, a companhia tem 17 hidrelétricas (que respondem por mais de 95% de sua capacidade) e 11 usinas de geração eólica — quase todas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. As concessões têm um prazo médio de 17,5 anos.
Esse portfólio faz da empresa a terceira maior geradora de energia do País, atrás apenas da Engie (8,4 GW) e da Eletrobras (41 GW).
A CTG Brasil faturou R$ 5,7 bilhões no ano passado, com um EBITDA de R$ 3,2 bilhões e lucro líquido de R$ 1,3 bilhão. A receita da empresa cresceu nos últimos três anos a uma taxa média composta de 18%, em grande parte graças a repasses de inflação e ganhos de trading; já o EBITDA teve um CAGR de 5,9%.
Dados os contratos garantidos de longo prazo da companhia, os bancos coordenadores pretendem comparar a CTG com geradoras como a Auren Energia (que negocia a uma TIR ao redor de 12%) e a Engie (ao redor de 10%-11%).
Assumindo que a CTG Brasil seja avaliada no IPO numa TIR entre 10% e 12%, ela pode ter um valor de mercado post-money entre R$ 19 bilhões e R$ 21 bi.
“A companhia tem uma base muito boa de ativos,” disse uma fonte que conhece bem a empresa. “Em termos de ativos hidrelétricos, é muito difícil ter projetos novos hoje dada a questão ambiental. Quem tem tem, quem não tem não vai ter mais.”
A tese do IPO é usar os recursos da oferta para bancar um pipeline de três novos projetos que devem adicionar 1,6 GW de capacidade. Dois desses projetos serão de plantas eólicas no Nordeste; o outro, uma usina solar em Minas Gerais.
A empresa também vai separar uma parte dos recursos para M&As e distribuir dividendos já declarados.
“Não tem ativo grande à venda, e os preços estão muito caros. Além disso, um dos maiores problemas hoje no setor é a falta de fornecedor: está faltando turbinas para os parques eólicos e placas para os parques solares,” disse uma fonte do setor.
Nesse sentido, a CTG Brasil tem uma vantagem competitiva “que é ter acesso fácil aos fornecedores, porque boa parte deles são chineses.”
Os coordenadores são Citi (líder), BTG Pactual, Itaú BBA, Bank of America e Bradesco BBI.