Em 2014, as grandes empresas investiram R$ 240 bilhões em mídia paga na televisão e apenas R$ 115 bi nos canais digitais.
No ano passado, o bolo inverteu: a mídia gasta em TV desabou para R$ 160 bi, e a do digital quase triplicou para R$ 325 bilhões.
Essa mudança nos canais de aquisição gerou um gargalo complicado: o número de peças criativas necessárias para fazer campanhas nos vários canais digitais explodiu.
“Para fazer uma campanha de marketing no TikTok, Instagram,Google Ads e Taboola, as empresas precisam de tantas peças que não conseguem mais dar conta apenas com os times que têm,” Daniel Dahia, o cofundador da Faster, disse ao Brazil Journal.
Hoje esses anunciantes têm três alternativas: contratar uma agência de marketing, “mas elas não têm agilidade e nem querem fazer essas peças mais básicas”; contratar profissionais nos marketplaces de freelancers, o que “gera uma relação puramente transacional”; ou aumentar seus times internos, “mas isso leva tempo e tem um custo muito alto.”
A Faster propõe ser uma quarta via — produzindo as peças de forma rápida, customizada e a um preço acessível para qualquer anunciante.
A startup já atende 70 clientes recorrentes, incluindo nomes como Ambev, L’Oréal e Nubank, e unicórnios como iFood, Hotmart, VTEX e unico. As empresas compram ‘créditos criativos’ que dão direito a diferentes peças de design (quanto mais complexa a peça, mais créditos são consumidos).
O mínimo é de 30 créditos por mês, que custam R$ 8.000. O preço é convidativo, já que uma empresa gastaria mais do que isso apenas para contratar um designer, diz Daniel.
A Faster opera como uma espécie de ‘marketplace gerenciado’: ela monta squads de três a cinco designers, que atendem os clientes.
A startup vai faturar R$ 6 milhões este ano e espera triplicar o faturamento no ano que vem, quando os serviços de copywrite (texto), que a startup começou a oferecer recentemente, já devem ter ganho mais tração.
Para isso, a Faster acaba de levantar uma rodada de seed money para acelerar sua expansão e os investimentos em tecnologia. A captação, de R$ 8 milhões, foi liderada pela DOMO Invest e teve a participação de investidores-anjo incluindo André Farber, o CEO da Dafiti.
A Faster nasceu de outro negócio criado pelos fundadores.
Em 2017, os fundadores perceberam que muitos dentistas, médicos e advogados queriam ter presença nas redes sociais mas tinham dificuldade com o design das postagens.
“Criamos uma central no Whatsapp, onde esses profissionais ‘brifavam’ o que queriam e a gente fazia a entrega. Tínhamos uma agência interna que fazia a produção das peças,” disse Vitor Filipe, o outro fundador.
O problema: quando a pandemia chegou, esses profissionais sofreram, e a demanda despencou. “Nossa receita caiu de R$ 120 mil por mês para menos de R$ 20 mil. Ficamos com dívidas no banco, com dívidas com o Facebook, e tivemos que demitir um terço da equipe.”
A solução – como sempre – foi pivotar o negócio.